PEDAGOGIA WALDORF

Textos organizados de Valdemar W. Setzer
Introducao Prevencao de Drogas Educacao e Adm. Escolar Contra o uso de computadores A Obsolencia no Ensino TV e Violencia
Comentarios sobre o Livro Danca do Universo IA - Inteligencia Artificial A Idade de Escolarizacao Educacao e Discipina Aprender a Ser Recursos Escpeciais


RECURSOS ESPECIAIS EM PEDAGOGIA WALDORF

"Nosso verdadeiro papel, como educadores, é o de remover
dificuldades. Cada criança traz das regiões divinas algo de novo para o mundo, e é nossa tarefa como educadores a remoção dos obstáculos físicos e psíquicos de seu caminho, de forma a permitir que seu espírito adentre a vida em total liberdade." Rudolf Steiner

Dificuldades de Aprendizagem – Distúrbios de Atenção e Concentração

A partir da metade do século XX Audrey McAllen, professora inglesa ligada à Pedagogia Waldorf, começou a observar as dificuldades dos seus alunos e a desenvolver um sistema de atuação que ajudasse as crianças a se religarem adequadamente com suas habilidades motoras (esqueleto, músculos, sistema nervoso, cérebro), a fim de superarem suas limitações. Em 1974 escreveu o livro "The Extra Lesson" (A Aula Especial). Este método de atuação para crianças com necessidades especiais já é um clássico entre os profissionais Waldorf dos países de língua inglesa. Compreende exercícios especiais de movimento (psico-motricidade), desenho e pintura.

Desenvolver a habilidade de observar adequadamente as crianças para chegar a uma avaliação de suas dificuldades e necessidades é um passo fundamental para utilizar tais exercícios. Praticá-los é também um dos requisitos para conhecê-los e aplicá-los. É importante que se entendam seus fundamentos na ciência e na Antroposofia, a fim de que eles não se tornem um mero receituário, utilizado de forma não consciente.

Para iniciar a capacitação de profissionais da área de educação e médico-terapêutica no método descrito, um grupo de professores do Colégio Micael, juntamente com Maria Eugênia Obniski (terapeuta formada nesta metodologia), com o apoio da Federação das Escolas Waldorf, trouxe ao Brasil, em Setembro de 2001, a terapeuta Mary Jo Oresti, mestra em Distúrbios de Aprendizagem, professora na Escola Waldorf de Detroit, presidente e docente da "Association for a Healing Education", entidade que forma profissionais na área de recursos especiais, reconhecida internacionalmente. A diplomação pela AHE exige, no mínimo, três anos de dedicação à prática.

CONTAR HISTÓRIAS - UMA ARTE DOS DIAS DE ONTEM
PARA REVITALIZAR OS RECURSOS HUMANOS DE HOJE

Alda Luba
Formada pela School of Storytelling, Emerson College, Inglaterra
 
"...os contos são verdadeiras obras de arte. São uma grande arte que pertence ao patrimônio cultural de toda a humanidade e representam a visão do mundo, as relações entre o homem e a natureza sob as formas estéticas mais acabadas; aquelas que provocam precisamente o maravilhoso." Jean-Marie Gillig.

Em meio à sofisticada tecnologia atual, nossos anseios procuram uma outra linguagem. Busca-se uma linguagem que nos alimente, que fortaleça nossas próprias imagens e que nos leve onde queremos chegar.
Os contos nos remetem a uma história de transformações quando são acolhidos pela compreensão do ser humano integral. As histórias carreiam um conhecimento sedimentado e acumulado por toda a humanidade.

Captar a essência das coisas acontece por diferentes maneiras e a mais comum é a evocação de imagens arquetípicas. Estas estão presentes nas ações das pessoas de qualquer lugar no mundo, fazendo parte daquilo que chamamos de "sabedoria primordial".

Contar histórias é a mais antiga e, paradoxalmente, a mais moderna forma de comunicação. Uma história pode se tornar o foco de uma conversa e, suas imagens, uma maneira segura de tratar assuntos desconfortáveis. A história re-introduz o que é humano no ambiente dominado pelo impessoal, pautado pela crítica ou julgamento e a competição.

Ouvir uma história, contá-la e recontá-la durante muitos anos, foi a maneira de preservar os valores e a coesão de uma determinada comunidade. É o maravilhoso que consola a aridez dos caminhos que temos à frente, que alimenta a inspiração e abre o portal da intuição para soluções outras, àquelas velhas questões enferrujadas.

Ultimamente na Inglaterra, França, Estados Unidos e, em outros países, um público adulto, cada vez maior, das mais variadas profissões, está empenhado em resgatar este conhecimento milenar descobrindo um novo enfoque para sua profissão.

"Nations and peoples are largely the stories they feed themselves. If they tell themselves stories that are lies, they will suffer the future consequences of those lies. If they tell themselves stories that face their own truths, they will free their histories for future flowerings." Ben Okri.

"Nações e povos são em grande parte as estórias que nutrem a si mesmos. Se eles contam a si mesmos estórias que sejam mentiras, sofrerão as conseqüências futuras. Se contarem estórias que enfrentam suas próprias verdades, libertarão a sua Historia para florescimentos futuros." Ben Okri.

TEATRO WALDORF DE BONECOS PARA CRIANÇAS
GRUPO FADA MADRINHA

"Os contos infantis, com suas luzes puras e suaves, fazem nascer e crescer os primeiros pensamentos, os primeiros impulsos do coração. São também contos do lar, porque neles pode-se apreciar a poesia simples e enriquecer-se com sua verdade. E também porque eles duram no lar como herança que se transmite."

Jakob e Wilhelm Grimm - 1812
· O grupo Fada Madrinha apresenta histórias de tradição oral por meio de contadoras de histórias, cenários artísticos com marionetes e música ao vivo, em festas de aniversários e outros eventos infantis. A história, a ser contada por meio de teatro de bonecos, pode ser escolhida pelos pais da criança, tendo em vista a preferência do aniversariante e levando em conta recomendações das artistas e das educadoras das crianças. Os bonecos e cenários são confeccionados pelas apresentadoras. A narração e a ambientação musical são feitas ao vivo, contando com a sonoridade da flauta doce, da Kântele (lira simples, no caso com afinação pentatônica, apropriada para crianças), do metalofone, do violino e de outros instrumentos.

"Contos e mitos são como um anjo bom que a pátria de um homem lhe dá desde o nascimento, para acompanhá-lo pela vida, para que lhe seja um fiel companheiro durante essa caminhada e, assim, oferecendo-lhe essa companhia, faça dessa vida um conto de fadas verdadeiro e interiormente animado!"

A MONTAGEM DE UM TEATRO DE BONECOS
Freya Jaffke
Profa. de jardim de infância Waldorf na Alemanha
Trecho de apostila, revisto por S. Marra e V.W. Setzer

Em lugar do já conhecido "palco para teatro de bonecos" (um móvel com janelas), pode-se montar o palco sobre uma mesa. O cenário para toda a história (por exemplo, o castelo, a floresta, o campo) é montado sobre o local escolhido para a apresentação. Materiais naturais, como galhos grossos de várias formas e tamanhos, cobertos com panos coloridos (os mais bonitos são os de seda), assim como cascas de árvores, pinhas, pedras, conchas, etc, são apropriados para a confecção do cenário.

Os bonecos movimentam-se por esaa paisagem insinuada, enquanto um adulto conta a história. Também é possível que este movimente a figura, talvez com a ajuda de uma criança maior; as crianças que assistem estarão sentadas, em forma de semicírculo, de frente à "paisagem".

Um palco montado dessa forma possibilita à criança pequena, até aproximadamente os 7 anos, acompanhar e ver todos os acontecimentos, como uma totalidade, por exemplo quando ocorre o movimento de uma marionete, ou quando, com cuidado, se tira o pano que insinuava uma choupana que, então, se transforma num castelo. A atuação do adulto deve ser plenamente visível, fazendo parte dos acontecimentos do palco.

É por meio do adulto, com seriedade, humor e na sua forma cuidadosa de manejar os bonecos, que é criada a atmosfera capaz de levar a criança pequena a vivenciar profundamente e participar da totalidade dos acontecimentos. Num ambiente de jardim de infância, a força da vivência das crianças pode ser observada, depois do teatrinho, nas suas brincadeiras livres, quando elas próprias, por sua inciativa, montam pequenas encenações onde contam qualquer história, e movimentam bonecos que estão colocados à sua disposição. Também na vida futura elas continuarão tendo uma grande sensibilidade em suas vivências, principalmente em relação a obras de arte.

Após a troca dos dentes, quando a criança tem um outro relacionamento com o adulto, e sua capacidade de criar representações mentais desperta cada vez mais, o adulto pode ausentar-se do processo pictórico, e ocultar-se atrás de um pano ou cenário do palco. Agora a fantasia da criança torna-se mais viva e livre, o suficiente para vivenciar o espaço do palco, como um mundo completo em si.

"Assim, os fios que dão movimento aos bonecos, a música, a narração - tudo conspira para que os sentimentos também movam-se com a história enquanto ela segue seu curso." (S. Marra e S. Crepaldi).