PROJETO
DE ARBORIZAÇÃO DO CENTRO DE ENSINO ASA NORTE - CEAN
MINICURSO
DE SEMENTES
PROPONENTES:
Prof.
Peter Faluhelyi e Laura Cavalieri Bisio
APOIO:
Instituto
de Educação Socioambiental - Iesambi
1. Introdução
O minicurso de sementes visa apresentar aos alunos diferentes tipos de
frutos do Cerrado que eles possam manipular e processar para a obtenção
de mudas. Além de abordar características das espécies
e suas adaptações às peculiaridades do bioma, o projeto
"Arborização do CEAN" tem como objetivo amenizar
a temperatura ambiente e aumentar a umidade relativa do ar dos blocos
administrativo e salas de aula da escola. Com o plantio de árvores,
é possível melhorar as condições microclimáticas
do ambiente de trabalho, além de favorecer, nas salas de aula,
um melhor aprendizado dos alunos. A presença de árvores
ameniza o clima, purifica o ar e o solo, contribui para a estética
do ambiente e economia de energia, provisão de alimentos e remédios
e diminuição da poluição sonora, reduzindo
o impacto ambiental na época das chuvas, a erosão do solo
e o assoreamento dos recursos hídricos. As árvores aumentam
a infiltração de água no solo, alimentando o lençol
freático e contribuem para a formação de chuva por
meio da transpiração. As espécies escolhidas são,
preferencialmente, nativas e frondosas, como também árvores
frutíferas que se adaptaram ao clima do Cerrado e atraem aves.
2.
Desenvolvimento
a)
Preparo do solo conforme os tipos de sementes a serem plantadas. As Vochisiaceas,
como o Pau-Terra, adaptadas aos solos ácidos do Cerrado, apresentam
dificuldade de crescimento na presença de calcário, que
alcaliniza o solo. Assim, na maior parte das espécies pode ser
utilizada a mistura de 3 partes de terra, para uma de areia e uma de adubo
(pode ser esterco ou terra vegetal), uma proporção de 3:1:1.
Quando se tem uma terra mais arenosa não há necessidade
de adição da areia, evitando-se o calcário.
b)
Recipientes podem ser garrafas pet de 2 litros ou caixas de leite ou suco,
furadas embaixo, ou saquinhos comprados em lojas de artigos agrícolas.
c)
Processamento dos frutos indeiscentes (que não se abrem naturalmente):
- Sucupira: somente 20% dos frutos têm sementes viáveis.
É necessário quebrar a casca do fruto e lavar as sementes
com água antes do plantio.
- Jatobás: também é necessário quebrar a casca.
- Faveiro: deixar de molho de um dia para outro para retirar as sementes
com maior facilidade.
d)
Plantio: em cada um recipiente são colocadas duas a três
sementes, se forem grandes, aumentando a quantidade se forem pequenas.
As sementes devem ser enterradas abaixo do solo de acordo com o tamanho
também, isto é, quanto maiores mais fundo são plantadas.
Na Tabela 1, pode se observar as espécies do Cerrado que irão
ser trabalhadas neste curso. E no Anexo 1, mostra-se as possíveis
utilizações das sementes escolhidas para este trabalho.
e)
Cuidados: o local ideal é parcialmente sombreado. No caso de viveiros
a tela regula a incidência do sol. Têm que ser regadas uma
vez ao dia.
f) Transplante: deve ser feito na época das chuvas. As covas devem
ser fundas o suficiente para cobrir os cotilédones (as primeiras
folhas - modificadas) e adubadas. Recomenda-se que se diminua a rega das
mudas uma semana antes do transplante para que ela vá se acostumando
com a falta d`água.
3. Bibliografia
Anotacões da aula do Prof. RomeroTorres (FUNAPE/UFG) no Curso de
Seleção de Matrizes, Coleta de Sementes e Produção
de Mudas de Espécies Nativas do Cerrado, Fazenda Água Limpa,
Brasília/DF.
Informações sobre as espécies: Rede de Sementes do
Cerrado e Wikipédia
Agradecimentos especiais para a Profa. Jeanine Felfili (In Memoriam),
Professora do Departamento de Engenharia Florestal - UnB, coordenou o
Projeto APA Gama e Cabeça de Veado - http://www.projetoapa.unb.br/index.htm
e nos forneceu as sementes de aroeira e assessoria para o processamento
dos frutos.
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Informações
sobre as primeiras espécies plantadas no viveiro, em 13 de março
de 2014
1. ARAÇÁ
Psidium grandifolium Família: Myrtaceae
Veio
da África, mais especificamente de Angola, esse arbusto que chega
a cinco metros de altura e que se adaptou muito bem à região
Sudeste do país. As flores brancas e pequenas, de cinco pétalas,
e os frutos amarelos e redondos formam um belo contraste com o verde das
folhas. A polpa, ácida, tem sais minerais e vitamina C. Parte utilizada:
Fruta
Ajuda
a tratar de: Escorbuto, excesso de ácido úrico, inflamações,
retenção de líquidos, poros muito abertos.
2. AROEIRA
Myracrodruon urundeuva Família: Anacardiaceae
Utilidades
Madeireira:
Produz uma madeira pesada de alta densidade (1,19 g/cm3) e portanto muito
resistente. Esta é utilizada na construção civil
em vigamentos, dormentes e outras peças que exigem resistência
ao esmagamento e durabilidade, já que praticamente nunca apodrece
em contacto com o solo ou água. Também é usada na
produção de móveis de luxo entalhados e objetos torneados.
Medicinal:
A entrecasca, com forte sabor adstringente devido a presença de
taninos (12%), no Nordeste tem sido usada tradicionalmente na medicina
popular em banhos de assento para tratamento ginecológico, principalmente
recuperação pós-parto. Também é utilizada
para cicatrização de ferimentos, externamente e por via
oral; em doenças respiratórias, urinárias, metrorragias,
diarréias e hemoptise.
Foram realizados estudos para avaliação científica
da eficácia terapêutica do uso da entrecasca de M. urundeuva,
evidenciando-se em experimentos com ratos e ensaios preliminares com humanos
sua ação como, cicatrizante, antiinflamatório; antiulcerogênico
e anticolinérgico. Isto se deve à presença de um
complexo fitoterápico ativo composto por taninos e chalconas diméricas
(urundeuvinas). Além disso, os estudos demonstraram a quase inexistência
de efeitos tóxicos da ingestão oral do extrato.
O melado da casca fervida colocada em pano e tala de bambu pode substituir
o uso do gesso em caso de fraturas.
Fitoterápicos preparados a partir da entrecasca da aroeira como
o Elixir e o Creme Vaginal, são produzidos em pequena escala para
uso em Programas de pesquisa e de saúde pública.
O óleo essencial extraído das folhas com baixo rendimento
é composto principalmente por -cariofileno.
Melífera: Atrai abelhas durante a fase de floração.
Ornamental:
É uma árvore bastante atraente pelo tronco reto e copa piramidal,
restringindo-se o seu uso em paisagismo pela queda das folhas durante
a estação seca e pelas reações alérgicas
que as folhas, flores e frutos provocam, devendo ser plantada em locais
em que não há acesso fácil para o público.
Tanífera: A casca possui um elevado teor de taninos, sendo utilizada
na indústria de curtumes.
Tintorial: A partir da casca e folhas cozidas obtém-se corante
preto e avermelhado usados para tingir fios de algodão utilizados
em artesanato.
3. FAVEIRO
Dimorphandra
mollis Família: Fabaceae
Forrageira
Os folíolos e frutos são ingeridos pelo gado. Os frutos,
em função da rutina, são tóxicos podendo provocar
aborto e até morte se comidos em grande quantidade. Existem algumas
evidências da toxicidade dos folíolos também.
Madeireira
Utilizada para fazer tábuas, empregadas em caixotaria, forros,
compensados, etc., mourões e também para lenha e carvão.
Medicinal
A casca é usada como cicatrizante e dos frutos se extrai a rutina,
para utilização, associada à vitamina C, no aumento
de resistência e permeabilidade dos vasos capilares. O extrativismo
dos frutos, em determinadas regiões, tem se tornado predatório
para que se abasteça a indústria farmacêutica.
Ornamental
As características morfológicas como porte, copa frondosa
e a beleza das inflorescências projetadas para o alto indicam esta
espécie para uso paisagístico.
Tanífera
A casca, rica em tanino foi muito utilizada em curtumes.
4.
IPÊ-AMARELO
Tabebuia chrysotricha Família: Bignoniaceae
Usos:
Ornamental: Trata-se de uma árvore muito admirada quando florida,
devido à grande quantidade, à coloração amarelo-ouro
e ao aroma adocicado de suas flores.
Melífera : Produz néctar e com seu aroma atrai grande quantidade
de abelhas durante o período de floração.
Madeireira: Fornece madeira pesada, lisa, de coloração esverdeada
e cerne duro, de difícil degradação. É muito
utilizada na construção civil, em obras internas, na carpintaria,
caixotaria, peças curvas, artigos esportivos e pasta para papel.
Medicinal: A casca amarga e a entrecasca são usadas na medicina
popular contra febres, úlceras e como diurético. A raiz,
em casos de gripe e os brotos como antissépticos e depurativos.
Já uma substância encontrada no cerne da madeira, o lapachol,
inibe o crescimento de tumores malignos e é produzido como medicamento
em um laboratório farmacêutico de Pernambuco.
Tintorial: Quando fervida a casca fornece um corante amarelo utilizado
para tingir fios de algodão usados em tecelagem.
5.
IPÊ ROXO
Tabebuia impetiginosa Família: Bignoniaceae
O
ipê-roxo é uma ótima árvore ornamental para
arborização urbana, de crescimento moderado a rápido,
que não possui raízes agressivas. É decídua,
com a queda das folhas ou flores e podem ultrapassar 12 metros. Sua floração
é prodigiosa e atrai polinizadores, como beija-flores e abelhas.
Seu
tronco é elegante e oferece madeira de excelente qualidade, pesada,
dura, de cerne acastanhado, própria para a fabricação
de arcos de violino e instrumentos musicais, o que lhe rendeu o nome popular
de pau-d'arco. Da casca extraem-se substâncias de uso medicinal,
utilizadas no combate ao diversos tipos de câncer e infecções
de pele e mucosas.
Medicinal:
" Indicações: eczemas, psoríase, câncer,
alergias, disenterias, ferimentos, aftas, úlceras, viroses, queimaduras,
picadas de cobra
" Propriedades: antimicrobiana, antitumoral, antiviral, estrogênica,
estimulante do sistema imunológico
" Partes Utilizadas: casca, folhas.
6.
JATOBÁ-DO-CERRADO
Hymenaea stigonocarpa Família: Fabaceae
Utilização:
- o fruto do jatobá, além de poder ser consumido ao natural,
pode ter a sua polpa (após secagem e passada em peneira) utilizada
na confecção de bolos e bolachas, substituindo, em parte,
a farinha de trigo.
- as suas cascas em infusão são utilizadas no combate de
febres; a casca curtida na pinga estimula o apetite;
- a resina fervida é utilizada no tratamento de cistites e problemas
respiratórios. Emprega-se a resina aquecida, externamente, como
expectorante. Esta é ainda usada como vermífugo e, quando
deixada de molho, alivia dores de estômago, peito e costas;
- o chá da entrecasca é empregado para problemas de rins,
fígado, infecção intestinal e como cicatizante.
7. SUCUPIRA
Pterodon pubescens Família: Fabaceae
Utilidades:
- as sementes possuem ação energética, são
anti-sifilíticas, contém alcalóides empregados no
tratamento de febres, reumatismo, artrite, inflamações,
dermatoses;
- a madeira é empregada para acabamentos internos, como assoalhos,
lambris, molduras, painéis e portas. A árvore é extremamente
ornamental quando em flor, podendo ser empregada com sucesso no paisagismo
em geral; é particularmente útil para arborização
de ruas estreitas. Planta pioneira e adaptada a terrenos secos e pobres,
é ótima para plantios em áreas degradadas de preservação
permanente;
- o óleo produzido sementes inibe a penetração pela
pele da cercaria da esquistossomose.
8.
TOMATE - Solanum lycopersicum Família: Solanaceae
Originário das Américas, o tomate é um alimento rico
em licopeno (agente anticancerígeno). Possui também boa
quantidade de vitaminas C, A e complexo B. Possui sais minerais como,
por exemplo, ácido fólico, potássio e cálcio.
Fontes
das fotos:
Araçá:
http://ibflorestas.org.br/loja/muda-40a60-araca-amarelo.html
Aroeira: http://bonitopantanal.blogspot.com.br/2012/09/historia-de-uma-muda-aroeira.html
Faveiro: http://timblindim.wordpress.com/2007/12/
Ipês Roxo: Viveiro
Florestal Duffatto
Jatobá: http://flores.culturamix.com/dicas/como-fazer-mudas-de-arvores
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Frutos
e folhas de Araçá
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