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de SETEMBRO, DIA DO CERRADO
Laura Cavalieri Bisio Bioma que ocupa 25% do território nacional, se estende principalmente na região central do Brasil e está ameaçado pelo ignorância a respeito de sua riqueza e importância. O Cerrado é composto por uma variedade muito grande de fitofisionomias: florestais, savânicas e campestres (R Silva e cols., c2001). Nas florestais, mais de 70% do solo está coberto pela copa das árvores, como os Cerradões, Matas de Galeria, Matas Ciliares e Matas Secas. Nas savânicas, há um menor número de árvores, o que possibilita o crescimento de muitas plantas herbáceas, como no Cerrado Rupestre, Murundus (as árvores agrupam-se em pequenas elevações do terreno), Palmeirais e Veredas (predomínio dos Buritis). Nas formações campestres há poucas ou nenhuma árvore e arbustos: Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre. Esses ambientes diversos ocorrem devido, principalmente, ao tipo de solo, temperatura e umidade do local, e em cada um encontramos uma fauna diferente associada. Talvez por isso o Cerrado seja considerado a savana com maior biodiversidade do planeta. Apesar de já estar com grande parte de sua composição original destruída pelo desmatamento, realizado para a produção de carvão, criação de gado e monoculturas agrícolas, ainda há muito que preservar. E queremos aqui demonstrar que o Cerrado não deve ser salvo apenas pela beleza de suas flores, pássaros e sabor de seus frutos, mas porque desempenha um papel importantíssimo no equilíbrio hídrico e, portanto, no sistema energético brasileiro, baseado principalmente em hidroeletricidade. O planalto central é a zona de recarga de muitos aqüíferos, funcionando como uma grande esponja, que absorve as águas das chuvas que caem nessa região, caso tenha uma cobertura natural adequada. A infiltração de água em solos com cobertura florestal é 40 vezes maior do que em solos descobertos e 15 vezes maior do que em campos (Rezende e cols., 2000). Essa água que penetra no solo vai formar lençóis freáticos ao encontrar camadas de rocha impermeável, formando grandes bolsões de água subterrânea. O afloramento dessas águas na superfície, em razão de dobras e falhas geológicas, constitui as nascentes que, juntamente com a água da chuva que não penetra no solo, vão formar os lagos e rios. Somente no Distrito Federal estão nascentes de rios que compõe três grandes bacias hidrográficas brasileiras: Tocantins-Araguaia, São Francisco e Paraná. Os rios que nascem e crescem no Cerrado enchem represas e hidrelétricas, fornecendo água e energia para o Brasil e América do Sul. A preservação das áreas ainda intactas de Cerrado e a recuperação das degradadas, principalmente Matas de Galeria e Ciliares, que acompanham os rios e lagos, é fundamental. Mantendo a integridade de suas margens, evitamos o assoreamento dos rios e diminuem as enchentes que temos testemunhado. Além disso, foram identificadas 341 espécies de animais vivendo nas Matas de Galeria do Cerrado, o que representa 75% do total de espécies já identificadas nesse bioma, embora essas matas ocupem apenas 5% da sua área total (Felipe Ribeiro, 2001). A presença de árvores reduz o impacto causado pelas chuvas, evitando a erosão do solo (Magalhães e Crispim, 2003). As árvores também contribuem para a formação das chuvas através da transpiração (uma árvore isolada pode transpirar até 500 litros de água por dia) e também liberam na atmosfera partículas aerossóis necessárias para a formação das nuvens de chuva (Claeys e cols., 2004). Já está comprovado que as florestas em pé tem muito mais valor, inclusive econômico, do que derrubadas para o aproveitamento de sua madeira. Em pé, podem ser aproveitados seus frutos, flores, ervas, cascas, raízes, e a própria madeira, retirada sustentavelmente. Em
pé, as florestas possuem efeito sobre o regime dos ventos,
podendo bloquear ventos frios no inverno e dirigir a entrada de
correntes que resfriam o ambiente no verão. VAMOS
PRESERVAR O CERRADO! BIBLIOGRAFIA Claeys
M, Graham B, Vas G, Wang W, Vermeylen R, Pahynska V, Cafmeyer J, Guyon
P, Andreae MO, Artaxo P e Maenhaut W. Formation of secondary organic
aerosols through photooxidation of isoprene. Science. Feb 20;303(5661):1173-6,
2004. |