25/01/2008
Sensor converte impacto da chuva em energia elétrica
A
edição desta semana da revista britânica de ciência
New Scientist publica um artigo sobre uma nova técnica, desenvolvida
por cientistas da Comissão de Energia Atômica (CEA), em Grenoble,
na França, capaz de coverter a força do impacto criado por
pingos de chuva em energia elétrica.
Segundo
a publicação, os pesquisadores, liderados por Jean-Jacques
Chaillout, criaram sensores produzidos com materiais piezo-elétricos
- que geram voltagem a partir da força mecânica - para converter
o impacto dos pingos em quantidades pequenas de energia.
"Pensamos
nos pingos de chuva porque ainda são fontes de energia ainda inexploradas
na natureza", disse Chaillout à New Scientist.
Os
sensores de energia pluvial serão capazes de produzir apenas 1
watt de eletricidade por hora, por ano, por metro quadrado - quantia 1
milhão de vezes menor do que a energia elétrica criada a
partir da energia solar na França.
De
acordo com Paul Marks, autor do artigo, a quantidade de energia criada
pelos sensores ainda é pequena, mas a pesquisa representa uma idéia
inovadora. "O mais importante é que esta técnica está
disponível", disse Marks à BBC Brasil.
Sensores
- A equipe de Chaillout iniciou a pesquisa analisando os diferentes tipos
de chuva. As análises indicaram que a garoa produz pingos de cerca
de 1 milímetro de diâmetro que provocam um impacto energético
menor do que pingos causados por pancadas de chuva, que chegam a 5 milímetros.
A
partir dos resultados, os cientistas fizeram simulações
para observar como os pingos caem sobre determinadas superfícies,
a fim de estabelecer o tamanho do sensor a ser criado para converter a
energia do impacto.
Segundo
o estudo, o sensor, de 25 micrômetros, é feito de um material
piezo-elétrico chamado polivinilideno fluorado (PVDF), resistente
à temperatura ambiente.
A
pesquisa indica ainda que o sensor foi capaz de criar 1 micro-watt de
energia por pingo de chuva leve.
"Apesar
da energia ser pequena comparada à solar, a energia pluvial tem
a vantagem de funcionar no escuro e pode ser usada para complementar dispositivos
de energia solar", diz a New Scientist.
Aplicação
- De acordo com os cientistas, a primeira aplicação dos
sensores poderá ser em torres de resfriamento de estações
de energia nuclear, onde a acumulação de resíduos
líquidos reduz a eficiência do resfriamento.
O
time de pesquisadores planeja criar um sensor na superfície dos
resíduos que será acionado pelos pingos formados pelo vapor
condensado nas torres.
Os
cientistas indicam ainda que os sensores de energia pluvial poderão
ser usados, a médio prazo, em um dispositivo auto-acionado que
poderá ser acoplado aos pára-brisas dos carros ou em dispositivos
que transmitam a qualidade do ar para centros de análise.
O
estudo também sugere a criação de um sistema capaz
de armazenar a energia captada pelos sensores e que poderia, por exemplo,
carregar baterias.
Estadão
Online
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