Embrapa estuda
cura para doença de Chagas
Brasília
- Uma perereca recém descoberta no Cerrado pelo pesquisador do Ibama Reuber
Brandão é a nova esperança contra a doença de Chagas.
Uma equipe de pesquisadores da Embrapa estuda a dermaseptina, substância
encontrada na pele da perereca Phyllomedusa oreades - ainda sem nome popular -,
que age contra o protozoário Trypanosoma cruzi, transmissor do mal de Chagas.
Até agora, as experiências se restringiram ao laboratório
e a substância matou o protozoário sem atingir o sangue humano. Brandão
diz que o trabalho ainda está no início, mas a expectativa é
grande. "A pesquisa abre uma boa perspectiva para se chegar a um medicamento
contra a doença num futuro próximo", afirma.
Na fase inicial,
o mal de Chagas tem cura, mas poucas pessoas apresentam sintomas. Se não
for diagnosticada na fase aguda, a doença se torna crônica e pode
levar à morte, principalmente por insuficiência e arritmia cardíaca.
Estimativas indicam que em todo o mundo são 18 milhões de pessoas
infectadas pela doença, 4 milhões só no Brasil.
Brandão
lembra que a devastação do Cerrado ocorre de forma progressiva e
rápido e é necessário impedir isso. "O desmatamento
do Cerrado está acontecendo de maneira muito rápida e muitos recursos
naturais, que poderiam estar sendo utilizados como remédios, estão
se perdendo" alerta o pesquisador. Chefiada pelo professor Carlos Block,
a pesquisa com a perereca já foi publicada no Journal of Herpetology.
Nome
científico
O nome Phyllomedusa é o gênero a que pertence
a perereca. Já oreades foi escolhido pelo pesquisador Ruber Brandão
em homenagem ao Cerrado, que recebeu este nome do pesquisador alemão Carl
Friedrich Philipp von Martius. Ele esteve no Brasil no final do século
18 e fez a primeira tentativa de classificação da vegetação
nacional. Para o Cerrado, von Martius escolheu o nome oreades, que são
as ninfas dos campos e montanhas da mitologia grega.
A Phyllomedusa oreades
é encontrada em regiões com altitudes superiores a 900 metros como
a Chapada dos Veadeiros, na Serra dos Pirineus, nas partes altas da Serra da Mesa
e no Distrito Federal.
Agência Brasil