Conquista franciscana
Silvio Queiroz
Correio Braziliense de 24/12/2005
Foi no melhor espírito pacifista que São Francisco de Assis
estabeleceu a presença da Igreja Católica na Terra Santa.
No início do século 13, quando os reis cristãos organizavam
cruzadas para reconquistar Jerusalém, Belém, Nazaré
e outros santuários sob domínio muçulmano, o santo
usou da diplomacia para abrir caminho entre as lanças. Até
hoje, são os frades franciscanos que exercem em nome do Vaticano
a custódia da igreja da Natividade, do Santo Sepulcro e de outros
locais simbólicos da vida e do martírio de Jesus.
Foi em uma das muitas viagens que fez ao Oriente, entre 1219 e 1229, que
Francisco foi capturado tentando atravessar as linhas muçulmanas
em Damieta, no atual Egito. Levado ao sultão Malek-el-Kamel, saiu
de uma longa conversa tendo em mãos um salvo- conduto para a Terra
Santa: o emir não viu incompatibilidades entre o islã e
o cristianismo, como praticado pelos frades.
A custódia franciscana, foi formalizada em 1342, por uma bula do
papa Clemente IV. O pontífice aceitou a exigência de nomear
os discípulos do santo pacifista como seus representantes oficiais
e exclusivos no território onde, há séculos, a fé
respira entre guerras.
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