Inicial | Participe | Parcerias | Desafios | Contato |
UCB desenvolve antibiótico a base de frutas contra infecções hospitalaresBárbara
Renault 11/07/2006 De acordo com o coordenador da pesquisa, Octávio Luiz Franco, os compostos descobertos nas sementes das frutas e do legume são eficientes no combate de bactérias e fungos causadores de graves infecções hospitalares. As infecções são uma grande preocupação nos hospitais porque acabam levando à morte pacientes com baixa imunidade que estão lá por outros motivos. A nossa preocupação era criar um composto natural, eficaz, nacional e mais acessível, afirma. Nos testes já realizados, Franco conta que a semente do maracujá foi eficaz no combate ao fungo Aspergillus, causador da infecção pulmonar. Já a goiaba ataca duas bactérias causadoras de infecções renal e intestinal, a Klebsiella e a Proteus. O feijão de corda também mostrou-se eficaz nas infecções intestinais, inibindo a ação da bactéria Escherichia coli. O pesquisador
alerta que a fruta em si não causa os efeitos esperados. É
necessário uma dosagem muito alta para se obter os resultados.
Os compostos devem antes passar por um processo de concentração,
explica. O grupo pretende comercializar o antibiótico em forma
de pomadas e/ou cápsulas. A nossa pretensão não
é apenas transformá-lo em tratamento para as infecções.
Mas também como agente preventivo. Por isso, criar uma pomada
que servirá para esterilizar o ambiente, os objetos, e os equipamentos
que entrem em contato direto com os pacientes, complementa Franco.
Como o produto é totalmente natural, Franco acredita que a rejeição em humanos seja baixa. Os testes em humanos devem ser feitos na rede pública hospitalar do Distrito Federal e devem analisar os possíveis efeitos colaterais e alergias que podem causar. Apesar de ainda estar em desenvolvimento, os pesquisadores da UCB já deram entrada no processo para patentear o antibiótico. A expectativa é de que os trâmites terminem em seis meses. Já quisemos dar início a essa etapa porque já temos descobertas importantes. Não queremos a nossa pesquisa com méritos de outros, comenta. Pioneira
Além dos pesquisadores da Católica, outras setes instituições são parceiras na pesquisa: a Universidade de Havana em Cuba, a Universidade de La Trobe na Austrália, a Universidade de Los Angeles na Califórnia, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a Universidade Federal do Ceará e a Embrapa. De acordo com Franco, as parcerias foram essenciais para o desenvolvimento do projeto. Hoje ninguém faz pesquisa sozinho. Os equipamentos são muito caros, há pesquisas que devem ser feitas em laboratórios específicos. Um exemplo é uma parceria que temos uma universidade da Austrália. A doutoranda Patrícia Pelegrini, integrante do grupo, conseguiu uma bolsa e está lá aprendendo como produzir o medicamento em larga escala, exemplifica. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) são os órgãos federais que garantem o financiamento da pesquisa. Desde o início dos estudos, o CNPq já liberou mais de R$ 250 mil. O incentivo é bom, mas ainda falta muito. O governo federal deveria investir mais em políticas para a ciência nacional. Temos muitas pesquisas boas para se transformar em produto, finaliza Franco. |