Sumiço
de abelhas preocupa Estados Unidos
Até
60% das abelhas desapareceram na Califórnia, alertam cientistas
e apicultores.
Insetos são essenciais para agricultura; causa de mortes ainda
é mistério.
Da France Presse
06/04/2007
A inquietação cresce entre os apicultores americanos pelo
misterioso
desaparecimento de milhões de abelhas nos últimos meses,
problema que ameaça a
produção nacional de mel e as colheitas que dependem do
papel-chave desses
insetos na polinização.
Entre
30% e 60% das abelhas sumiram na Califórnia (oeste) e mais de 70%
em
algumas regiões da Costa Leste e do Texas. A situação
é observada em 24 estados
americanos e duas províncias canadenses, segundo estimativas do
Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
O
despovoamento de uma colméia em até 20% durante o inverno
é considerado
normal, mas os apicultores demonstram preocupação, uma vez
que as colônias de
abelhas domésticas estão em constante diminuição
desde 1980 nos Estados Unidos.
Segundo
a USDA, atualmente há 2,4 milhões de colméias no
país, 25% a menos que
em 1980, ao mesmo tempo que o número de apicultores profissionais
caiu à metade
desde a mesma data.
A
magnitude desse desaparecimento em massa de abelhas, considerado sem
precedentes, levou a Associação Apícola Americana
a exigir a ajuda do Congresso
em uma audiência recente em Washington.
"Quase
40% das abelhas de minhas 2.000 colônias morreram. Esta é
a maior taxa de
mortalidade que vi em meus 30 anos de carreira como apicultor", afirmou
na
semana passada a uma subcomissão agrícola da Câmara
de Representantes do
Congresso Gene Brandi, presidente da Associação de Apicultores
da Califórnia.
As
abelhas domésticas são essenciais para a polinização
de mais de 90 tipos de
frutas e legumes, cujas colheitas estão avaliadas em US$ 15 bilhões.
Diana
Cox-Foster, professora de entomologia da Universidade da Pensilvânia,
explicou na mesma subcomissão que esse novo problema de despovoamento
em massa
das colméias, batizada de "desordem de colapso de colônias",
apresenta sintomas
únicos, diferentes dos observados quando acontecem as freqüentes
infecções do
parasita Varroa jacobsoni, que destrói as larvas.
No
caso dessa desordem, as colônias de abelhas domésticas sãs
diminuem
repentinamente, deixando poucas ou nenhuma abelha sobrevivente.
As
rainhas - uma em cada colméia e que garantem a reprodução
- são encontradas
com algumas abelhas adultas na presença de uma importante reserva
de comida, mas
durante essa crise não foram encontradas abelhas mortas no interior
das colônias
ou suas proximidades.
O
fato de outras abelhas ou parasitas demorarem tanto tempo a instalar-se
nas
colméias que ficam desertas pela desordem aumenta as especulações
da presença de
um produto químico ou uma toxina, segundo Diana Cox-Foster.
Todas
as abelhas encontradas nas colônias devastadas por esse misterioso
mal
estavam infectadas com uma multidão de microrganismos, vários
deles responsáveis
por doenças vinculadas ao estresse destes insetos.
Os
cientistas mencionam a hipótese de existência de um novo
patógeno ou um
produto químico que afeta o sistema imunológico das abelhas.
Na
França se registrou um caso de despovoamento nos anos 90, atribuído
ao
inseticida Gaucho, posteriormente proibido no país.
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