Apostilas Virtuais Campo Avançado Micróbios Projetos Prêmio
Canto dos alunos História Atividades Parcerias Participe
         

Plantio de mudas no Centro de Ensino Médio Setor Leste - Brasília/DF

COORDENADORES
Professores João Couto Teixeira (Biologia), Peter Faluhelyi (Física), Maria Izabel Melotti Xible (História).

PARCERIAS
Laura Cavalieri Bisio - Instituto de Educação Socioambiental - Iesambi
Ivan Zacarias Gobbo - Associação de Capoeira do DF - Ascadf

I. Introdução

A inquietação com a utilização descontrolada e depredatória dos recursos naturais fez com que a comunidade criasse, em 1993, um projeto de estudos socioambientais na hidrobacia do Paranoá. Desde então, o Projeto Margem tem possibilitado aos diferentes segmentos da comunidade escolar e parcerias, observar, registrar, discutir e divulgar situações encontradas na área de influência da escola ou em outras áreas de interesse, sempre com a preocupação de interligar os estudos ao currículo escolar, horizontal e verticalmente. As aulas às margens do Lago Paranoá e em outras regiões do Cerrado, proporcionam estudos de temas do currículo escolar com a integração de diferentes áreas do conhecimento.
Em 2001, iniciou-se um trabalho de arborização com a participação dos alunos na área próxima aos primeiros blocos da escola, que resultou em sobrevida de 97% das mudas plantadas. Em 2002, prosseguiu-se com a recuperação de uma área degradada de Cerrado, localizada dentro dos limites da escola. Foram plantadas aproximadamente 300 mudas em 144 covas, em um trabalho de três meses com alunos e professores. Dando continuidade a esse trabalho, em 2003, além da manutenção das mudas, por meio de capina e irrigação, mobiliza-se a comunidade para angariar recursos a serem utilizados na compra de material para a construção e manutenção de um viveiro de mudas de espécies nativas do Cerrado, sistema de irrigação e horta.
Está demonstrado que o plantio de árvores em ambientes urbanos é vantajoso em todos os aspectos (Magalhães e Crispim, 2003). Além de preservar os ambientes naturais ainda intactos, temos que restaurar e recuperar os que foram degradados, muitas vezes por ignorância. Em razão disso, é fundamental que a escola cumpra seu papel de esclarecer e conscientizar alunos e comunidade para os problemas causados pelo desmatamento, principalmente os relacionados à água, recurso limitado na maior parte do mundo e também no Distrito Federal. Os problemas provocados pelo aumento insustentável da densidade demográfica e, em especial, a ação do homem face à sua necessidade de sobrevivência, segundo o modelo econômico vigente, exige a busca de soluções em prol de uma melhor qualidade de vida.

II. Objetivos

Objetivos Gerais

. Estimular o interesse do aluno pelos fenômenos da natureza, buscando o desenvolvimento do seu espírito crítico.
. Registrar informações, de maneira sistemática e transdisciplinar, sobre os ecossistemas da hidrobacia do Paranoá e de suas áreas de influência.
. Discutir os problemas, o impacto e alternativas de solução em relação ao desmatamento.

III. Recuperação de uma área degradada em terreno da escola

. Preparo do solo

Colocamos as mudas na história do projeto através de 144 covas abertas por uma retroescavadeira de São Sebastião, que foram cobertas por mais de quinhentos alunos. Cada cova recebeu um carrinho-de-mão de adubo humano e duas ou três mudas de árvores, a maioria nativa do Cerrado, além de diferentes sementes de árvores locais. As mudas foram doadas pela Novacap, Parque Olhos d'Água, UnB e Chácaras Geranium e Pau d'Óleo.

. Plantio e cuidados com as mudas

Foi feito um trabalho de sensibilização de alunos em relação ao Campo Avançado, por meio de visitas com informações e identificação das futuras árvores, coleta de sementes, e o trabalho de manutenção das mudas, como capina e irrigação, junto com a comunidade escolar.

. Adoção das mudas pelos alunos:

Hionar, Samantha, Nathione, Erika - 1º S
Abacateiro 17/12/2002
Leandro Lelis, Jonas de Oliveira, Weslley Carvalho, Bruno Rodriguez, Raphael Batista e Fellipe Tomas - 1º L / 2002
Angela Santos, Marineusa, Polyanna e Sabrina Santos
1º U / 2002
Cerca feita por Henrique, Mateus e Gustavo
1º T / 2002
Geovana Carla, Juliana, Rhaná, Hellen e Karina
1º T / 2002
Jhonathan, Marcelo, Raphael, Suzana e Fabrício
1º O / 2002
Israil, Mayra, Leticia e Nathália - 1º P / 2002
Raphael, Nayara, Camilo, Mônica e Bruno
1º T / 2002
Fotos tiradas pelos alunos

. Irrigação por gotejamento

Foi elaborado um projeto desenhado em papel vegetal que está sendo digitalizado para AUTOCAD 14, amplamente discutido entre professores e na comunidade, com disposição linear das árvores, em média de 12 m em 12m nessa área de fundos de 290 m x 90 m, que tem 26.100 m2. Essa disposição das árvores favorece também, a prática da educação física no local. Na preparação, piqueteamos as covas que foram abertas com retroescavadeira, utilizamos lodo ativado como adubo e mudas selecionadas pela comunidade. Portanto, a comunidade participa dos objetivos gerais e específicos do projeto. Estamos numa fase em que a comunidade escolar está sensibilizada para as atividades que se desenvolve. Neste ano trabalha-se com muita ênfase na execução do sistema de irrigação que partiu da idéia de ser o mais sustentável possível, do ponto de vista ambiental e econômico, chamado de irrigação por gotejamento. A disposição das tubulações é realizada com uma rede linear interligada com três ramais a considerar: principal, secundário e terciário. O ramal principal, que tem diâmetro de 1 ¼" e extensão, do ponto de água geral, 220 m no sentido nordeste e 60 m no sentido sudeste ambas com direção paralela a cerca dos fundos da escola e 50 m perpendicular a essa direção para distribuição dos ramais secundários. Os ramais secundários têm diâmetro de ¾" com extensão total de 980 m distribuída em três linhas paralelas que acompanham a direção da cerca dos fundos da escola. Dos ramais secundários se distribui para o ramal terciário de diâmetro de ½", com os trechos até cada pé de árvore totalizando 904 m. O sistema está preparado para fornecer uma vazão de 10 L / hora para cada árvore, assim não sobrecarrega o sistema de abastecimento de água da escola. Já foi fixado a extensão de 290 m do ramal principal, de 150 m do ramal secundário e 100 m do ramal terciário. O ramal principal, provisoriamente para se irrigar manualmente, ainda nessa fase, tem cinco torneiras distribuídas para colocação de mangueira enquanto o resto do sistema não estiver interligado. No momento, 8 árvores já estão irrigadas por gotejamento. O resto das árvores ainda estão sendo irrigadas manualmente. Em julho, para finalizar o cronograma de desenvolvimento foi feito a capina de toda área.
É importante lembrar que todos os trabalhos realizados são feitos com parcerias com ong's, empresa de limpeza e conservação, órgãos públicos e APAM Setor Leste. Os trabalhos manuais como preparação das covas, plantio das árvores, escavações para as tubulações, conexão e fixação dos ramais, cercas de proteção e identificação com placas foi realizada por alunos e professores.

A implantação do sistema de irrigação por gotejamento foi iniciada em agosto de 2003.
Fotos: Laura Cavalieri

 

Professores e alunos prepararam a terra para o plantio em ago/set de 2002. As mudas utilizadas na recuperação foram doadas pela Novacap, Parque Olhos d'Água, UnB e Chácaras Geranium e Pau d'Óleo.
Fotos: Bella Xible

 

Âncora encontrada pelo professor João e seus alunos em aula nas margens do Lago Paranoá, Brasília/DF, 2003.
Foto Laura Cavalieri
Foto: Yuri Soares

. Identificação das espécies arbóreas

a) Esquema com a localização e lista das mudas

Para uma melhor análise taxonômica e estatística das espécies plantadas, foi feita uma tabela com todas as espécies identificadas e mapa dendrológico de toda a área em recuperação. A identificação das espécies está sendo feita pelos Profs. João Couto Teixeira (CEMSL), Bella Xible (CEMSL) e Laura Cavalieri Bisio (Iesambi), que iniciaram a confecção da tabela e mapa dendrológico dentro da disciplina de Dendrologia, ministrada pelo Prof. Manoel Cláudio (UnB), que auxiliou na identificação das espécies.
Esse trabalho proporciona aos alunos a oportunidade de conhecerem de perto diferentes espécies de árvores, suas características, exigências e utilidades, e principalmente seu papel fundamental na manutenção do equilíbrio climático e no ciclo das águas do nosso planeta.

Clique no título para mais detalhes e fotos da Identificação das espécies arbóreas

O mapa dendrológico dos jardins frontais e internos da escola foi feito, nessa mesma disciplina, por um ex-aluno da escola que ingressou no curso de Eng. Florestal da UnB. Esse trabalho representa para nós um dos frutos do Projeto Margem.

IV. Resultados

. Recuperação da área posterior do CEMSL com o plantio de mudas de espécies arbóreas.

a) Estatística:
Das 280 mudas plantadas, 230 foram identificadas (mais de 90 espécies), representando cerca de 80% dos indivíduos. Entre elas não estão contabilizadas as mudas e árvores já existentes. Exóticas adultas são três Mangueiras (Mangifera indica), dois Abacateiros (Persea americana) e uma Jaqueira (Artocarpus heterophyllus); e nativas adultas: uma Goiabeira (Psidium sp.), dois Pequizeiros (Caryocar brasiliense) e um Jacarandá-cascudo (Machaerium opacum).
A colocação de estacas e o trabalho de esclarecimento junto aos funcionários da conservação resultou na preservação de muitas espécies nativas que vinham sendo cortadas, juntamente com a grama, durante os últimos anos: Caquis-do-Cerrado, Cajuzinhos-do-Cerrado (com flores), Jacarandá-cabiúna, Jacarandá-cascudo, Jatobás-do-Cerrado, Pau-Brasil, Pau-formiga, Pau-terra e outras ainda não identificadas.

b) Aumento da biodiversidade: estão sendo observadas na área em recuperação várias espécies de aves como o Quero-quero (Vanellus chilensis), Pomba-do-Cerrado (Columba sp.), Tesourinha (Tyrannus savana), Fogo-apagou (Scardafella squammata), Maria-faceira (Syrigma sibilatrix), Coruja-buraqueira (Speotyto cunicularia) além de uma infinidade de insetos e outros invertebrados. Elementos da fauna são importantes na polinização e dispersão de sementes, o que leva a um aumento ainda maior da biodiversidade, em um processo cíclico.


V. Perspectivas

. Instalação de um viveiro de mudas de árvores nativas e frutíferas e sua manutenção pela comunidade escolar e parcerias;
. Horta comunitária;
. Criação de um corredor ecológico ligando a escola ao Parque Asa Sul e às margens do Lago Paranoá (mudas do viveiro serão usadas para recuperar a região do corredor);
. Construção de um cais no local de contato entre o corredor e o lago e
. Aquisição de um barco-escola.


VI. Bibliografia

Currie CR. A community of ants, fungi, and bacteria: a multilateral approach to studying symbiosis. Annu. Rev. Microbiol. 55:357-80, 2001.

Fonseca, O.F. Olhares sobre o Lago Paranoá. Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - Semarh, Brasília/DF, 2001.

Margulis & Schwartz. Five Kingdoms, 3rd Edition, 1998. W.H. Freeman and Comp, New York.

Magalhães, L.M.S. e Crispim, A.A. Vale a pena plantar e manter árvores e florestas na cidade? Ciência Hoje, Vol. 33, nº 193, 64-85, 2003.