OLHARES SOBRE O LAGO PARANOÁ
Organizador: Fernando Oliveira Fonseca
Participação da Sociedade
Capítulo 12
João Couto Teixeira, biólogo, professor
da FEDF
A inquietação com o uso depredatório
dos recursos naturais e o interesse por aulas de campo influenciaram
a criação do Projeto Margem, em 1993, no Centro Educacional
Setor Leste (611/612 Sul). A principal idéia é conhecer
a Hidrobacia do Paranoá, com os alunos. Assim podemos promover
uma educação para a utilização econômica
dos bens naturais, respeitando o potencial biótico e a capacidade
de suporte do meio, gerando o menor impacto possível - o desenvolvimento
sustentável é o objeto de trabalho deste projeto.
O Projeto Margem, em colaboração com secretarias
do Governo do Distrito Federal, instituições ambientalistas
e técnico-científicas, integra-se ao currículo
escolar. Dessa forma, os alunos têm conhecido as técnicas
de observação, registro e divulgação de
dados relacionados às áreas escolhidas para estudo. A
participação de estabelecimentos de ensino, por uma educação
que se preocupe com as questões ambientais, é uma alternativa
aos enlatados científicos. A metodologia agiliza a adequação
do conteúdo curricular à realidade local e implanta dinâmicas
que facilitam o aprendizado.
As aulas de campo começam em locais predeterminados,
como, por exemplo, às margens do lago. O grupo caminha por trilhas
de área verde, a uma distância que varia de acordo com
o local escolhido, até o local da aula sem teto,
por aproximadamente 30 minutos. Nesse trajeto os participantes recebem
informações sobre o Cerrado e matas-de-galerias. Ao chegarem,
iniciam um novo ciclo de estudos interativos sobre os ecossistemas hídricos,
havendo demarcação de áreas de estudos. A duração
desta etapa é prevista para 2 horas. O retorno ocorre pelo mesmo
caminho.
Nas aulas de campo, alunos e professores conhecem a história
viva do Lago Paranoá, utilizam mapas aerofotogramétricos,
com descrição de vegetação da área
estudada. É o momento em que aprendemos a observar, desenhar,
medir e recolher dados das grandezas físicas com instrumentos
adequados à situação desejada.
O Projeto Margem utiliza uma câmera de vídeo
VHS para registros que são apresentados aos alunos dos estabelecimentos
de ensino, ou representantes de instituições interessadas,
além de eventos como feiras de ciências. Os microorganismos
são melhor registrados por câmera de alta resolução,
acoplada a microscópio trinocular, com monitor de TV, e computador
com placa de TV.
Em um segundo momento, são acompanhadas as condições
de balneabilidade do lago, associando técnicas de microscopia,
e registros audiovisuais, para a medição de oscilações
comportamentais dos seres vivos, opacidade da água, precipitação
pluviométrica, capacidade fluvial, desmatamento, assoreamento
e eutrofização do meio.
Observadas as condições de balneabilidade
e preservação do Lago Paranoá, são levados
às salas de aulas e laboratórios os dados coletados por
alunos, professores e instituições ambientalistas, científico-tecnológicas
e de saneamento, como também das secretarias de Meio Ambiente,
Turismo, Segurança e Saúde.
Dessa forma, é estudada de maneira sistemática
e interdisciplinar a Hidrobacia do Paranoá, buscando informações
sobre a realidade local, coletando amostras de água em diferentes
locais do lago e dos seus tributários e demarcando áreas
de estudo.
Em parceria com diferentes instituições,
propomos a disponibilização de noções de
náutica aos alunos das redes pública e particular, bem
como para a comunidade interessada. Os temas e os dias escolhidos para
as aulas e palestras são divulgados nas Divisões Regionais
de Ensino do Distrito Federal.
|