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Corredores Ecológicos Urbanos

A criação de corredores ecológicos urbanos entre a área em recuperação do Centro de Ensino Médio Setor Leste (Cemsl), o Lago Paranoá e o Parque de Uso Múltiplo da Asa Sul, localizado na quadra 614, é um dos objetivos de professores, alunos e parcerias do Margem desde sua criação, há 11 anos.
Costa, 2003 salienta a importância de pequenos remanescentes florestais, que além de abrigar espécies vegetais e animais residentes próprias, podem compor, juntos, um grande e valioso arquipélago regional, facilitando o trânsito e a migração entre remanescentes maiores e mais afastados, aumentando as chances de persistência a longo prazo de várias espécies. Além disso, terá influência positiva na qualidade do ambiente da região, próxima a uma estação de tratamento de água, auxiliando na purificação do ar.

A proposta de criação de corredores ecológicos urbanos, protegidos por lei, ligando parques, escolas e outros monumentos naturais, envolve regiões de fácil acesso mas com diversas comunidades humanas, cada uma com interesses diferentes. Desde o especulador imobiliário, que quer ter seu lucro com a venda dos terrenos, passando pelos funcionários da conservação, motoristas, pedestres que cruzam o corredor para chegarem a suas casas, pais, alunos, professores e comunidade, inclusive moradores de rua e catadores de lixo, que moram ou descansam na sombra das árvores que ainda existem na região Isso exige um trabalho de educação ambiental, que é fundamental para a sustentabilidade do trabalho. Por conta dos três hectares que estamos recuperando já tivemos problemas com os funcionários da conservação, que cortaram muitas mudas, com carroceiros e seus cavalos, queimada, corte da água da irrigação, entre alguns outros. Descobrimos que a melhor maneira de resolver os problemas é através do diálogo, da educação, pois com uma causa nobre como essa não existe pessoa esclarecida que, se não puder unir-se ao projeto, pelo menos não irá querer prejudicá-lo. A educação socioambiental precisa estar presente em todas as fases do projeto, antes, durante e após sua implantação, para que ele tenha continuidade, seja sustentável.

A presença de árvores é fundamental para a manutenção do equilíbrio do ambiente. Magalhães e Crispim, 2003, abordam os vários aspectos positivos da presença de árvores em ambientes urbanos: estabilização da temperatura, diminuição do consumo de energia (menor uso de ar condicionados), absorção de gás carbônico, umidificação e purificação do ar, ambiente para a sobrevivência de membros da fauna (biodiversidade), diminuição do impacto das chuvas e as consequências das enxurradas, áreas de lazer (diminui o stress), promove locais para o convívio social (feiras, festas, shows), entre outros. Rezende e cols, 2000, salienta que a absorção de água pelo solo com cobertura florestal é 40 vezes maior do que em solos sem vegetação.

Já foram feitas consultas junto ao Departamento do Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores e fomos informados de que na área proposta para o corredor não vai haver construção de novas embaixadas, principalmente devido à proximidade com a Estação de Tratamento do Caesb. Agora é necessário verificar na Terracap se existem proprietários particulares na região e, junto à Câmara Distrital, para a apresentação de Projeto de Lei destinando a área para preservação e utilização em aulas de educação socioambiental.

A caracterização do local, tanto dos seus componentes físico-químicos (tipo de solo, quantidade e constância das chuvas, declividade, intensidade luminosa). como biológicos (fitofisionomias, fauna) é muito importante para o trabalho de recuperação de áreas naturais. A escolha das espécies que serão plantadas será feita baseada em (1) pesquisas das espécies que são encontradas na área dos corredores e arredores, (2) dados de abundância, dominância e freqüência obtidos por Nunes e cols, 2002, (3) sugestões de Felfili e cols., 2002, (4) espécies agrupadas por categoria de exigência luminosa em Felfili e cols., 2000.

A obtenção das mudas será feita através de compra, doações e cultivo de mudas obtidas de sementes coletadas dos indivíduos adultos da área dos corredores e arredores.

O plantio será baseado em modelos de recuperação, com técnicas de espaçamento e distribuição das mudas determinadas dependendo da declividade do terreno, composição do solo e vegetação já existente. Além do plantio direto, também serão utilizadas as técnicas de nucleação abordadas por Reis e cols, 2003 e a proteção com estacas das mudas nativas que rebrotam entre o capim. A criação dos corredores facilitará o trânsito de seres vivos entre os diferentes ambientes, aumentando sua biodiversidade, e garantirá o fluxo de alunos e professores nas aulas de educação socioambiental, possibilitando que o processo de conscientização ecológica dos nossos jovens seja mais efetivo, além da melhoria da qualidade de vida de toda a comunidade.

As coletas de sementes, preparação das mudas, plantios e cuidados serão feitos juntamente com os alunos e comunidade, fazendo parte do programa de educação socioambiental do Margem.

As setas abaixo indicam as regiões propostas para os corredores.
2002

Foto: Alvaro Celso Amorim, Mateus e Henrique de Oliveira Soares e Gustavo Abreu de Vasconcelos - 1º T


Junho/2004

Foto do Prof. Aquilino Bouzan


Bibliografia

Costa, FAPL. Ecologia, Evolução e o Valor das Pequenas Coisas. Edição do Autor, p. 58-61, 2003.

Felfili JM, Ribeiro JF, Fagg CW e Machado JWM. Recuperação de Matas de Galeria. Embrapa, 2000.

Felfili JM, Fagg CW, Silva JCS, Oliveira ECL, Pinto JRR, Silva Jr MC e Ramos KMO. Plantas da Apa Gama e Cabeça de Veado: espécies, ecossistemas e recuperação. Universidade de Brasília, Dep. Engenharia Florestal, 2002.

Magalhães, L.M.S. e Crispim, A.A. Vale a pena plantar e manter árvores e florestas na cidade? Ciência Hoje, Vol. 33, nº 193, 64-85, 2003.

Nunes RV, Silva Jr MC, Felfili Jme Walter BMT. Intervalo de classe para abundância, dominância e freqüência do componente lenhoso do Cerrado Sentido Restrito no Distrito Federal. R Árvore, Viçosa-MG, v.26,p.173-182, 2002.

Reis, A, Bechara, FC, Espíndula, MB, Vieira, NK e Souza, LL. Restauração de áreas degradadas: a nucleação como base para incrementar os processos sucessionais. Natureza e Conservação, vol. 1, n° 1, 2003.

Rezende, RP, Lazarini da Fonseca, CE, Balbino, VK e De Souza, CC. As matas de galeria e sua importância biológica. Engenharia Florestal, UnB, 2000.