Introdução à Toxicologia Humana
Tão grande é a importância da toxicologia em nossos dias
que podemos dizer que a
ciência dos venenos interessa hoje aos mais diferentes ramos das atividades
humanas.
A poluição do ar que respiramos, a triste profanação
de nossos rios e lagos
pelas escórias industriais, o risco de contaminação dos
produtos
hortifrutigranjeiros que consumimos por resíduos de praguicidas altamente
nocivos à saúde, a larga difusão entre jovens das drogas
toxicomanógenas, a não
muito rara prática do dopping nos esportes, ampliam sobremaneira o antigo
caráter médico-legal da ciência de Orfila, exigindo que
o conhecimento de seus
fundamentos e de seus principais aspectos faça parte do patrimônio
científico de
todo profissional de saúde.
TOXICOLOGIA pode ser definida como um ramo da ciência que estuda as substâncias
nocivas à saúde, suas ações, seus sintomas, seus
efeitos e seus contravenenos
(antagonistas e antídotos). A Toxicologia pode ser dividida em 06 grandes
seções: a Ambiental, a Alimentar, a Medicamentosa, a Ocupacional,
a Social e a
Forense (Médico-legal). Pode ser separada em Toxicologia Clínica,
Laboratorial
(analítica) e Experimental.
Já o termo veneno, pode ser aplicado a qualquer substância biologicamente
ativa,
que mesmo em pequenas quantidades, se introduzida no organismo e absorvida,
pode
causar sérios distúrbios da saúde, inclusive a morte(FILHO,
1988).
Toxicologia é uma ciência que estudando veículos de morte,
tornou-se ciência de
vida. Vidas salvas pela presteza e rapidez de exames laboratoriais. Está
intimamente ligada com a química, fisiologia, física, farmacologia,
etc. ,
possuindo o caráter analítico e o clínico.
Desde as mais remotas eras o homem, utilizando-se de produtos vegetais, minerais
e animais, como medicamento ou alimento, começou a dar importância
a seus
efeitos e a utilizar os que possuíam ação fulminante para
eliminar seus
inimigos.
O envenenamento como homicídio e suicídio é de uso muito
antigo. Os papiros de
Ebers informam que os Egípcios sentenciavam a morte com sementes de amêndoas
amargas (morte por cianeto).
Na Grécia antiga foi muita usada a cicuta (Sócrates foi executado
por este
tóxico) inclusive como substância de eleição para
a eutanásia legal.
Inúmeros relatos nos dão conta dos venenos como meios políticos.
Assim, sabe-se
que nas cortes antigas, existiam provadores oficiais das autoridades reais,
na
tentativa de evitar-se atentados, onde sem dúvida o arsênico predominou.
Nero
tentou matar Britânico, filho natural de Cláudio (sucessor do trono)
através de
Locusta. Falhou na primeira tentativa, evidenciado pelos sintomas do provador,
de envenenamento por arsênico.
Na idade média tivemos o aprimoramento da arte de envenenar. Em Nápoles,
século
XVII, apareceu uma mulher chamada Toffana, que preparava cosméticos contaminados
com arsênico (água de Toffana) e cantaridina. Uma das mais famosas
envenenadoras
do século XV foi Lucrécia Borgia (com o pai, Papa Alexandre VI)
pelo arsênico
eliminou vários adversários. Já Kalpurnium eliminava suas
amantes ao introduzir
na vagina de suas vítimas, o dedo embebido em arsênico.
Por volta de 1800 começaram a aparecer métodos e estudos para
a identificação
dos venenos, com o que, diminuiu sua utilização criminosa.
A taxa de intoxicação nas populações do mundo, segundo
a OMS por ano, apontam o
índice de 1,5% para países desenvolvidos e somente 3,0% para países
em
desenvolvimento como o Brasil, os quais não possuem um serviço
de notificação e
estatística instalado, pouco eficaz ou confiável. Além
disso, nosso país não tem
o controle adequado sobre o registro e a aprovação da comercialização
de
produtos de interesse sanitário. Dos Praguicidas e ingredientes inertes
só 10%
possuem avaliação completa dos riscos de toxicidade, 24% têm
avaliação parcial,
2% têm avaliação mínima, 26% têm avaliação
abaixo da mínima recomendada e 38%
são desprovidas de informações de toxicidade. Quanto aos
medicamentos, cerca de
61% deles não estudos sobre intoxicação humana.
A intoxicação por metais pesados é um grande problema brasileiro,
uma vez que
estes "venenos", como o chumbo e o mercúrio, sofrem bioacumulação
nos
ecossistemas da qual o homem usufrui, através do solo, da água,
da pesca, dos
animais de criação, etc. Catástrofes recentes são
o de Franca(SP) onde pelo
menos 53 sapateiros foram gastrectomizados por hipótese diagnóstica
médica de
úlcera gastro-duodenal, quando na realidade se tratava de envenenamento
por
chumbo contido na tachinha tipo exportação de zarcão, e
na base da Petrobrás em
Paulínia(SP) contaminando o solo e o lençol freático por
chumbo.
Modernamente, face aos múltiplos produtos diariamente lançados
no mercado
consumidor, ao desenvolvimento tecnológico e a produção
em série, a toxicologia
está evoluindo dia-a-dia, acompanhando o rápido progresso mundial.
Atual, as
intoxicações humanas desse século se apresentam tão
mórbidas, covardes e
traiçoeiras quanto outrora, porém bem mais sofisticadas, sob a
forma de
bioterrorismo, de guerra química e biológica, recentemente retratadas
nos
episódio do gás Sarim no metrô de Tókio e nos envelopes
de cartas contendo a
bactéria Antraz nos EUA.
FONTE:
- Filho, Dilermano Brito. Toxicologia Humana e Geral. 2ª.ed., Livraria
Atheneu: Rio de Janeiro e São Paulo, 1988.
- Alcântara, Hermes Rodrigues. Toxicologia Geral. 1ª.ed., Ed. Andrei
S.
A.: São Paulo, 1974.
EMERGÊNCIAS TOXICOLÓGICAS
1.Retirar o paciente com cuidado;
2.Evitar a autocontaminação durante o socorro;
3.Lavagem corporal com água morna;
4.Retirar as vestes contaminadas;
5.Lavagem ocular em água corrente ou SF0,9% por 10-30min.
5.Parada cardíaca: Alternar massagem cardíaca e respiração boca-a-aboca;
6.Obstrução das vias aéreas: limpar e aspirar;
7.Insuficiência respiratória: oxigenar e ventilar;
8.Choque: ausência de pressão e pulso. Manter a vítima em posição de Trendelenberg (deitado em decúbito dorsal com cabeça baixa e pernas elevadas 20 a 30º);
9.Anafilaxia: adrenalina, aminofilina e corticóides;
10.Encaminhar imediatamente o paciente ao socorro médico;
11.Levar, de modo seguro, a embalagem, o rótulo ou a bula do produto
incriminado
ao serviço de emergência.
ODOR CARACTERÍSTICO SUBSTÂNCIA SUSPEITA
Amêndoa Cianeto
Alho Arsênico, OF Malathion, Paration
Ovo podre (enxofre) Dissulfiram
Grupo
Componentes:Bruno
Laércio
Lucas
Ícaro turma;1°''M''