SEXOLOGIA

FABIANO, FELIPE, TAMARA E HUGO BARBOSA


"Os julgamentos dos valores, que fazemos, determinam nossas ações,
e na sua validade repousam nossa saúde mental e nossa felicidade"
Erich Fromm

Aridelson Müller
1999

"Os variados aspectos que envolvem a sexualidade, olhados de ângulos diversos: psiquiátricos, psicológicos, endocrinológicos, genéticos, etc. foram aos poucos estudados, dissecados, mas, incrivelmente, novas facetas aparecem para serem discutidas e analisadas." (grifo meu) Múcio de Carvalho Baptista
Prof. Titular de iniciação ao exame clínico - UFPb

A sexualidade tem a idade do próprio homem. Desde os primórdios da civilização, tanto a sexualidade como a erótica e as suas disfunções foram bastante exploradas, prova disto são os relatos históricos Gregos, Romanos, de Sodoma, de Pompeia, etc. Com relação a isso, embora bastante polêmica, vejamos o que escreve a crítica Camille Paglia, em seu livro "PERSONA SEXUAIS" :
"Sexualidade e erotismo formam a complexa intersecção de natureza e cultura."
"...o sexo sempre foi cercado de tabu, independentemente de cultura. O sexo é o ponto de contato entre o homem e a natureza, onde a moralidade e as boas intenções caem diante de impulsos primitivos."(grifo meu).
"O erotismo é um reino tocaiado por fantasmas. É o lugar além dos confins, ao mesmo tempo amaldiçoado e encantado." (grifo meu).
"A teoria do sexo de Spenser é um continuum que vai do normativo ao aberrante. A castidade e o casamento frutífero ocupam um pólo, a partir do qual as modalidades de erotismo vão se tornando mais sombrias à medida que se aproximam do perverso e monstruoso." Camille Paglia, nasceu em 1947 no estado de Nova York. Estudou literatura na Yale University e, atualmente, é professora na Philadelphia's University of Art. Tambem é autora de Sex, art and the American culture.

Na atualidade existe uma infinidade de formas de explorações artísticas e comerciais: Programas de Rádio e Televisão, Revistas,
Filmes, Linhas (de Telefones) Eróticas, Vídeos, Livros, etc. A Mídia tem importância muito grande, e, segundo o ginecologista Marcos Cabello (matéria do "Jornal da Cidade" - Bauru, 28/12/97, pg.13) ela pode estar estimulando a sexualidade. Os artistas, literários, pintores, escultores e cantores, desde cedo exploraram a sexualidade e a erótica em suas obras.

Eis o que escreve Alfonso Cuatrecasas em seu livro "EROTISMO NO IMPÉRIO ROMANO":

"Vamos falar de amor nestas páginas; desse sentimento que para alguns pode parecer alheio ao caráter austero, bélico, funcional e eminentemente pragmático do povo romano. A verdade, porém, é que o amor em todas as suas vertentes - romântica ou satírica, espiritual ou sexual, apaixonada ou desprezada, terna ou cruel - ocupa um lugar importantíssimo na obra dos mais clássicos e seletos escritores latinos. É que a literatura de um país, de um povo, é o reflexo de suas crenças, idéias, costumes, sentimentos, virtudes e vícios, da fala e de tudo aquilo, em suma, em que vive imerso o escritor e constitui seu ambiente, sua sociedade e o momento da história que, como o útero materno, envolve-o completamente." (grifo meu) Alfonso Cuatrecasas, formou-se em Filosofia e doutorou-se em Filologia Clássica pela
Universidade Central de Barcelona, onde é catedrático desta cadeira. Membro da Sociedade Espanhola de Estudos Clássicos. Dirigiu o Instituto Espanhol de Lisboa.

Somente a partir do inicio do século XIX é que a Sexualidade foi estudada de forma científica com os trabalhos dos sexologistas Havellock Ellis (1859-1939) e Alfred Kinsey (1894-1956) - a direita - e dos fisiologistas William Masters (1916) e Virginia Johnson (1924) - a esquerda.

Para o completo estudo da Sexualidade Humana devemos considerar os aspectos:
Biológicos: anatômicos, fisiológicos, endócrinos, genéticos.
Comportamentais: psicológicos, psiquiátricos.

Os aspectos biológicos, tais como anatomia, excitação, ereção, lubrificação, orgasmo, etc., estão muito bem relatados na Revista "Cérebro & Mente" cuja idealizadora e editora-chefe é a Dra. Silvia Helena Cardoso, PhD, professora convidada e pesquisadora associada do NIB (Núcleo de Informática Bioméica - Unicamp).

Para melhor entender o comportamento sexual precisamos distinguir entre vida sexual e vida erótica, cujas diferenças foram muito bem assinaladas por ZUTT em seu livro PSIQUIATRIA ANTROPOLÓGICA" (1974). (anexo A).
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-9, Genebra 1975), os limites e as características do comportamento e inclinações sexuais normais não tem sido determinados de modo absoluto nas diferentes sociedades e culturas, mas, em geral, são aqueles que servem a propósitos sociais e biológicos aceitáveis. Desvios Sexuais são comportamentos ou inclinações sexuais anormais que são parte de um problema referido. (anexo A).

A CID-10 (Genebra 1989) lista os transtornos Sexuais em três grupos. (anexo A).

As diferenças entre as duas, nos mostra que não existem critérios fixos (imutáveis) para a classificação dos comportamentos ou inclinações sexuais, nos lembrando a Sexualidade e Erótica de ZUTT. Aqui o autor afirma que os conceitos sofrem transformações na mesma proporção em que muda a forma de pensar da sociedade, pois é ela quem dita as regras do jogo de nossas vidas, redefinindo, até certo ponto, os conceitos do que é normal ou patológico para o comportamento humano.

Com relação aos assuntos ligados ao sexo, cabe citar um trecho do que escreve Hans Jurgen Eysenck em seu livro "PSYCOLOGY IS ABOUT PEOPLE":

"...Além disso, existe também naturalmente a incongruência entre a alusão velada a coisas sexuais e a recusa ostensiva de falar abertamente sobre essas questões. (grifo meu). Mas a causa principal do divertimento está no contraste entre a mecânica do ato e o verniz espiritual passado sobre ele por poetas, escritores e moralistas."

Só existe um caminho para chegarmos a compreensão sobre sexualidade e erotismo e buscarmos soluções para os problemas existentes, é o trajeto do diálogo, sem preconceitos e falsos pudores. Discussões sobre o assunto em grupos (monitorados por pessoa experiente e compotente), por exemplo em escolas, desde o nível primário até o universitário.

"Resolvemos a maioria dos problemas que a natureza nos apresentou; nossos problemas restantes são feitos pelo homem. Só o estudo do homem pode ajudar em sua solução" H.J.Eysenck