REPRODUÇÃO

A perpetuação da vida humana ou a sobrevivência de uma espécie depende e ocorre por meio da REPRODUÇÃO.
A reprodução assexuada é o padrão típico dos procariontes e de alguns protozoários. Os vertebrados se produzem sexuadamente. A reprodução assexual geralmente permite um rápido crescimento no número de indivíduos, sendo os descendentes idênticos geneticamente aos ancestrais.
Na reprodução sexual, embora o número de descendentes originados seja quase sempre pequeno, ocorre intensa mudança genética de geração à geração.
Nos vertebrados, em relação a reprodução, essencialmente haverá um macho e uma fêmea, produzindo gametas distintos. É quase sempre possível distinguirmos nos vertebrados o macho e a fêmea, ou seja, o dimorfismo sexual.
O desenvolvimento das características sexuais se deve a ação dos hormônios sexuais, produzidos pelas gônadas, onde também ocorre a gametogênese (formação de gametas).
Nos vertebrados, o gameta feminino (óvulo), é séssil, enquanto o gameta masculino (espermatozóide) é provido de flagelo e, portanto, móvel. Graças aos batimentos de seu flagelo, o espermatozóide se desloca em meio ao líquido em direção ao óvulo, que o atrai quimicamente.

Bioética e Reprodução Humana

O objetivo da reprodução é a geração de novos indivíduos. Uma questão de extrema atualidade é a caracterização do momento em que o novo ser humano passa a ser reconhecido como tal. Atualmente podem ser utilizados dezenove diferentes critérios para o estabelecimento do início da vida de um ser humano.
As tentativas de realizar procedimentos de reprodução medicamente assistida foram iniciadas no final do século XVIII. Em 1978 estes procedimentos ganharam notoriedade com o nascimento de Louise Brown, na Inglaterra, que foi o primeiro bebê gerado in vitro. O Governo Inglês, em 1981, instalou o Committee of Inquiry into Human Fertilization and Embriology, que estudou o assunto por três anos. As suas conclusões foram publicadas, em 1984, no Warnock Report. Neste mesmo ano, nascia na Austrália um outro bebê, denominado de Baby Zoe, que foi o primeiro ser humano a se desenvolver a partir de um embrião criopreservado. Em 1987 a Igreja Católica publicou um documento - Instrução sobre o respeito à vida humana nascente e a dignidade da procriação - estabelecendo a sua posição sobre estes assuntos.
A partir de 1990, inúmeras sociedades médicas e países estabeleceram diretrizes éticas e legislação, respectivamente, para as tecnologias reprodutivas. A Inglaterra, por exemplo, estabeleceu os limites legais para a reprodução assistida em 1991, com base nas proposições do Warnock Report.
No Brasil, Conselho Federal de Medicina, através da Resolução CFM 1358/92, instituiu as Normas Éticas para a Utilização das Técnicas de Reprodução Assistida, em 1992.
Os aspectos éticos mais importantes que envolvem questões de reprodução humana são os relativos à utilização do consentimento informado; a seleção de sexo; a doação de espermatozóides, óvulos, pré-embriões e embriões; a seleção de embriões com base na evidencia de doenças ou problemas associados; a maternidade substitutiva; a redução embrionária; a clonagem; pesquisa e criopreservação (congelamento) de embriões.
Um importante assunto, de crescente discussão ética, moral e legal é o aborto. Independentemente da questão legal, existe nesta situação um conflito entre a autonomia, a beneficência, a não-maleficência e a justiça da mãe, do feto e do médico. Os julgamentos morais sobre a justificativa do aborto dependem mais das convicções sobre a natureza e desenvolvimento do ser humano do que das regras e princípios.
Uma área bastante complexa é a que envolve aspectos reprodutivos de casais homosexuais. Casais homosexuais femininos podem solicitar que um serviço de reprodução assistida possibilite a geração de uma criança, em uma das parceiras utilizando sêmen de doador. O médico deve realizar este procedimento equiparando esta solicitação a de um casal heterosexual ? Ou deve ser dada uma abordagem totalmente diversa ? A própria questão de adoção de crianças por homosexuais tem sido admitida em vários países, inclusive no Brasil.
As reflexões utilizadas na reprodução medicamente assistida podem ser transpostas às questões de adoção (reprodução legalmente assistida) ? A adoção, com as suas inúmeras maneiras de realização, desde as legais ou oficialmente mediadas pelo Estado até as realizadas de maneira informal, comporta um grande questionamento ético. A seleção de crianças por parte dos futuros pais adotivos, o estabelecimento de critérios sociais por parte das autoridades, a invasão de privacidade que os pretendentes sofrem em suas vidas, com a finalidade de preservar possivelmente o melhor bem-estar para acriança adotada, são algumas questões que merecem reflexão.
Por fim, uma outra questão que está propondo desafios éticos é do prosseguimento de gestações em mães com critério de morte encefálica. Já existem casos relatados, inclusive no Brasil, de situações onde a ou seus familiares, solicitam que todas as medidas de suporte vital sejam utilizadas para que a gestação possa resultar em um bebe viável. As equipes médicas podem atender a um demanda destas? Como fica o critério encefálico de morte nestas situações? Esta paciente, já considerada morta, continua sendo paciente, ou o seu bebe é que assume este status? Neste caso, quando que a mãe será considerada morta? Estas questões merecem ser refletidas e discutidas nos seus aspectos mais amplos.


Sexo, plumas e parasitas - Carlos Roberto Fonseca
Reprodução Sexuada X Reprodução assexuada
Sexo serve pra que?

A reprodução assexuada parece ser uma ótima maneira de um ser vivo passar seus genes para a próxima geração. Afinal, nesse caso, os filhos são praticamente cópias genéticas dos pais. Se isso é verdade, para que existiria o sexo? Essa pergunta já incomodou muita gente e obteve muitas respostas, cada uma com sérias limitações, mas uma teoria lançada nos anos 80 parece resolver o problema. Segundo essa teoria, o sexo permite que os organismos equilibrem a constante luta evolutiva contra os seus próprios parasitas.

Que sexo é bom, poucas pessoas discordam. No entanto, quando os
cientistas se perguntam “bom para que?” há controvérsias. Em 1889, o biólogo alemão August Weismann (1834-1914) notou que a função do sexo não poderia ser a de permitir a multiplicação dos organismos, pois diversas espécies reproduzem-se sem recorrer ao sexo. Qualquer pessoa que gosta de jardinagem sabe que muitas espécies de plantas ‘pegam de galho’: basta enterrar um pedaço de um ramo para obter novo indivíduo.
Outros organismos, como as planárias (vermes de vida aquática), podem gerar novo organismo pela fissão do corpo. Micróbios unicelulares simplesmente dividem-se em dois, por um processo semelhante à mitose. E muitos insetos, como os pulgões, passam parte do ano produzindo ovos que geram cópias genéticas do indivíduo que os produziu -- tal processo, chamado de ‘partenogênese’, é uma forma de reprodução assexuada bem comum entre os animais, e ocorre até em animais mais complexos, como alguns lagartos, peixes e anfíbios.

A grande maioria dos animais e plantas, porém, reproduz-se sexuadamente, misturando
genes do pai com genes da mãe (reprodução cruzada). Para que a reprodução sexuada seja possível, machos e fêmeas (ou estruturas masculinas e femininas, nas plantas) precisam produzir gametas (células reprodutivas, masculinas ou femininas) que em geral têm apenas uma das duas cópias de cada gene que esses indivíduos possuem.

A redução do número de cromossomos (de 2n para n) na produção de gametas ocorre
através de um processo celular complexo, a meiose. A fusão de um gameta masculino de um indivíduo com o gameta feminino de outro é chamado de fertilização. Durante essa fusão, os genes recebidos da mãe e do pai misturam-se em novas combinações. Isso explica por que os filhos de um mesmo casal são sempre diferentes. De maneira simplificada, pode-se dizer que sexo é reprodução cruzada mais recombinação.

Em 1971, o evolucionista inglês John Maynard Smith (1920-)
notou que um indivíduo sexuado passa apenas metade do seu material genético aos filhos, enquanto um indivíduo assexuado passa todos os seus genes. Ou seja, na corrida evolutiva, onde passar os genes para a próxima geração é um dos maiores ‘objetivos’, organismos sexuados partem com desvantagem de quase 50%, que ficou conhecida como “o custo da meiose”. Sexo, portanto, parece ser um luxo que não deveria existir.

Como a existência do sexo é inegável, os biólogos têm quebrado a cabeça para descobrir
qual o grande benefício que ele traz para os seres vivos. Maynard-Smith argumentou que o sexo só poderia ter evoluído se esse benefício misterioso pelo menos contrabalançasse o grande custo da meiose. Mas, afinal, que benefício é esse?
Desde Weismann, vários cientistas tentam identificar essa vantagem, capaz de justificar a
origem e a manutenção da reprodução sexuada (ver ‘O sexo serve para quê?’). Algumas das hipóteses lançadas apontam para benefícios genéticos e outras para vantagens ecológicas. Este artigo apresenta em detalhes uma das propostas, a teoria sosigônica (ou ‘teoria da Rainha Vermelha’, como é também conhecida), que vem recebendo muita atenção da comunidade científica nos últimos tempos.

O mundo da Rainha Vermelha

Essa audaciosa teoria sobre a origem e a manutenção do sexo foi proposta pelo evolucionista inglês William D. Hamilton (1936-), da Universidade de Oxford, em 1980. Segundo ele, os parasitas estão em toda parte e procuram sempre, por sua natureza, explorar seus hospedeiros. Além disso, apresentam virulência específica, afetando apenas determinados genótipos dos hospedeiros, enquanto estes têm genes que conferem resistência ao ataque.
Como o tempo de geração dos parasitas é muitas vezes menor que o dos hospedeiros e por isso suas taxas de evolução são muitas vezes maiores, a única saída para os hospedeiros é produzir filhos com genótipos diferentes dos demais genótipos da população através da
reprodução sexuada.
O mundo em que esse modelo está inserido ficou conhecido como o mundo da Rainha
Vermelha, nome dado pelo paleontólogo norte-americano Leigh Van Valen, da Universidade
de Chicago, em referência a uma passagem da fábula Alice no país dos espelhos, do inglês
Lewis Carroll (1832-1898).
Nessa passagem, Alice foge do exército (de cartas de baralho) da Rainha Vermelha, mas não consegue se distanciar de seus perseguidores. Nesse momento, é advertida pela Rainha Vermelha: “Aqui, veja, você precisa correr o máximo possível, para se manter no mesmo lugar.” Alice só seria pega se parasse de correr.

Segundo Hamilton, uma ‘corrida armamentista’ entre hospedeiros e parasitas ocorre
desde que a vida surgiu na Terra. Os parasitas estão sempre quebrando as barreiras defensivas impostas pelo genótipo dos hospedeiros, enquanto estes, com a ajuda do sexo, criam continuamente novas defesas. Na ausência do sexo, os hospedeiros permaneceriam em essência os mesmos, enquanto os parasitas iriam acumulando adaptações que lhes permitiriam quebrar todos os sistemas de defesa dos primeiros. Cedo ou tarde, os hospedeiros seriam virtualmente devorados de dentro para fora. Só resta a eles, para fugir do batalhão de parasitas que os perseguem, continuar correndo.
O ciclo coevolutivo de parasitas e hospedeiros reflete essa perseguição eterna. Indivíduos
com genótipo resistente aos parasitas reproduzem-se com sucesso, o que aumenta a
freqüência, na espécie, desses alelos (variações de um mesmo gene). Mas alguns raros
parasitas conseguem quebrar essa defesa e começam a se reproduzir com sucesso, espalhando o novo gene da virulência. Com o tempo, o antigo genótipo do hospedeiro deixa de ser o mais resistente, passa a ter sua freqüência reduzida, e um novo genótipo raro torna-se a melhor defesa, espalhando-se na população.
Em outras palavras, a seleção natural, no modelo de Hamilton, depende da freqüência.
Genótipos comuns são selecionados negativamente (sua freqüência diminui) e genótipos raros são selecionados a favor (sua freqüência aumenta).
Um efeito interessante desse tipo de seleção é que a variabilidade genética não é perdida nunca. É como se soluções genéticas obsoletas em dado momento fossem temporariamente colocadas de lado para serem eventualmente recicladas no futuro. Se isso é correto, a ‘teoria da Rainha Vermelha’ ajudaria a explicar a diversidade de alelos e, em conseqüência, a existência de diferentes formas de proteínas, que tanto intrigaram os geneticistas a algumas décadas.

Muitas das suposições decorrentes do modelo de Hamilton foram confirmadas recentemente. Estudos empíricos demonstraram que populações naturais têm uma substancial variação genética para resistência às doenças e à virulência dos parasitas. Além disso, mostrou-se que há forte associação entre genótipos, como um sistema ‘chave-fechadura’: parasitas com a ‘chave’ certa atacam o hospedeiro e reproduzem-se com sucesso, enquanto parasitas com a ‘chave’ errada penam para se perpetuar. Muitos estudos indicam, também, que espécies com reprodução assexuada são mais suscetíveis a ataques de parasitas que espécies aparentadas com reprodução sexuada. Isso também é verdade para variedades de plantas. Qualquer agricultor sabe que monoculturas de cereais geneticamente uniformes são altamente propensas a serem
devastadas por pragas.
A teoria da Rainha Vermelha prediz diversos padrões ecológicos que têm sido
verificados na natureza. Segundo a teoria, por exemplo, quanto maior a diferença entre
o tempo de vida do hospedeiro e o tempo de vida do parasita, maior será a pressão
de parasitismo.
Assim, o sexo deve ser mais freqüente em organismos grandes e de alta longevidade, o que foi confirmado em uma grande revisão da literatura científica.
Em outro exemplo, prevê-se que organismos com reprodução assexuada
devem ser mais comuns em ambientes instáveis, onde as relações parasita-hospedeiro são quebradas constantemente.
De fato, tais organismos são mais freqüentes em campos do que nas florestas maduras, em países temperados e em topos de montanhas, condições de maior instabilidade ambiental. Além disso, organismos de água doce, submetidos a grandes variações de temperatura e de teores de nutrientes, tendem a se reproduzir mais assexuadamente que organismos de ambientes marinhos, mais constantes.
As mesmas idéias de coevolução entre parasitas e hospedeiros que ajudam a entender
a evolução do sexo podem ser úteis para explicar as diferenças fisiológicas, morfológicas e comportamentais entre machos e fêmeas.

Plumas: arma contra parasitas

Quando o inglês Charles Darwin (1809-1882) publicou sua obra máxima, A origem das
espécies, em 1859, propondo que a diversidade biológica poderia ser explicada pela evolução através do processo de seleção natural, ele tinha consciência de que alguns fatos desafiavam essa grande teoria. Se a evolução realmente ocorre pela “sobrevivência dos mais aptos”,
como a seleção natural poderia explicar a evolução do elaborado arranjo das plumas multicoloridas da cauda dos pavões?

O excesso de cores, formas e materiais dessa magnífica cauda, que mais parece um traje carnavalesco, dificilmente pode ser atribuído a um processo tão econômico
quanto a seleção natural.
De fato, ao invés de promover a sobrevivência, tal estrutura parece ser um fardo,
que torna os pavões machos mais suscetíveis à ação dos predadores. E é evidente que isso não precisa ser assim, já que o ‘traje’ das fêmeas dos pavões é tão conservador quanto os das senhoras vitorianas.

Em 1871, Darwin publicou um enorme tratado denominado A origem do homem e a seleção em relação ao sexo, no qual reconheceu que a evolução de muitas das diferenças entre machos e fêmeas (chamadas de características sexuais secundárias) só poderia ser explicada por um processo de seleção que privilegiasse o sucesso reprodutivo, mesmo que isso acarretasse certo custo em termos de sobrevivência. Para descrever esse processo, Darwin criou o termo ‘seleção sexual’.
Ele notou que em muitas espécies ocorre competição entre machos, na disputa por fêmeas reprodutivas, e que alguns poucos machos monopolizam grande parte das oportunidades de reprodução, enquanto os outros têm poucos filhos ou até morrem virgens.

Assim, qualquer característica fisiológica, morfológica ou comportamental que aumentasse a probabilidade de sucesso no conflito entre machos seria selecionada. Para Darwin, esse
processo explicaria, por exemplo, porque machos são em geral maiores e mais fortes que
as fêmeas e possuem estruturas poderosas usadas como verdadeiras armas em combates
físicos com outros machos (como os chifres dos veados, as grandes presas dos elefantes
e as fortes patas dos caranguejos).
Darwin percebeu ainda que em muitas espécies o poder de escolher o parceiro reprodutivo está com as fêmeas. Nesse caso, os melhores machos seriam aqueles com mecanismos de sedução desenvolvidos. Isso explicaria, por exemplo, a evolução de cantos, danças e exibições altamente elaboradas dos comportamentos de corte de muitas espécies, assim como o aparecimento das majestosas plumas dos pavões.
Em 1982, com a publicação do artigo de William Hamilton (e de sua então aluna de pós-graduação Marlene Zuk), os parasitas ‘infectaram’ o cenário dos debates sobre seleção sexual e evolução de características sexuais secundárias.

No mundo da Rainha Vermelha, no qual os parasitas estão a poucos passos evolutivos atrás dos hospedeiros, acasalamento é coisa séria.
Como em geral as fêmeas investem mais recursos na prole que os machos e dedicam mais tempo ao cuidado das crias, espera-se que sejam extremamente cuidadosas na escolha dos parceiros reprodutivos, pois uma má escolha pode comprometer de maneira vital a sobrevivência
de seus filhos. Em 1982, com a publicação do artigo de William Hamilton (e de sua então aluna de
pós-graduação Marlene Zuk), os parasitas ‘infectaram’ o cenário dos debates sobre seleção
sexual e evolução de características sexuais secundárias. No mundo da Rainha Vermelha, no qual os parasitas estão a poucos passos evolutivos atrás dos hospedeiros, acasalamento é coisa séria. Como em geral as fêmeas investem mais recursos na prole que os machos e dedicam mais
tempo ao cuidado das crias, espera-se que sejam extremamente cuidadosas na escolha dos parceiros reprodutivos, pois uma má escolha pode comprometer de maneira vital a sobrevivência de seus filhos.

Acredita-se, portanto, que as fêmeas, ao decidir com quem se acasalar, buscam sinais que evidenciem a presença de ‘bons genes’ contra parasitas, para aumentar as chances de que seus filhos adquiram essas defesas. Ao mesmo tempo, espera-se que machos possuidores de bons genes façam ‘propaganda’ disso. Assim, cores vistosas, exibições atléticas prolongadas e cantos elaborados podem ser vistos como ‘propagandas genéticas’ que sinalizam as qualidades relativas entre potenciais parceiros reprodutivos. Além disso, os combates entre machos e a evolução de muitas outras características sexuais, como os chifres dos alces, seriam uma forma de ordenar os machos quanto às suas qualidades genéticas antiparasitas.

Nesse mercado reprodutivo competitivo, porém, pode-se esperar que nem todos os
machos sejam honestos quanto às suas qualidades. A tentação de produzir adornos
um pouquinho mais elaborados do que o vizinho, mesmo sem ter bons genes, é muito grande.

Isso leva ao surgimento de propagandas não-fidedignas. Para que isso
não ocorra, segundo o evolucionista israelense Amotz Zahavi, da
Universidade de Tel-Aviv, as características sexuais secundárias têm que
ser custosas, de modo que apenas indivíduos com genes realmente bons
possam produzi-las. Em outras palavras, se o custo da mentira é grande,
não vale a pena mentir. É interessante notar que enquanto Darwin considera
o custo das características sexuais secundárias um subproduto não-desejável
da seleção sexual, a teoria da Rainha Vermelha vê em tal custo uma
condição essencial para o funcionamento do modelo.

Essa nova teoria também resolveu um antigo problema dos modelos de seleção sexual
baseados em vantagens genéticas, identificado em 1930 pelo geneticista norte-americano Ronald Fisher (1890-1962).
Se há genes ‘bons’, e se as fêmeas preferem se acasalar com os machos que os possuem, tais genes tenderiam a se espalhar na população e a se fixar rapidamente, e as fêmeas não conseguiriam mais fazer essa escolha. Assim, como as vantagens genéticas seriam mantidas através das gerações,
levando à seleção de características tão elaboradas como a cauda dos pavões?

A dinâmica coevolutiva entre hospedeiros e parasitas foi o truque que Hamilton usou para
contornar o problema. Para ele, as fêmeas sempre procuram se acasalar com o melhor genótipo da população, mas no mundo da Rainha Vermelha a seleção depende de freqüência, e os genes que conferem resistência aos parasitas de hoje provavelmente não serão os melhores para as pressões de amanhã. Ou seja, o que é ‘bom’ muda continuamente.
Esse ambiente teórico admite ciclos coevolutivos longos, que permitem o desenvolvimento de características sexuais secundárias elaboradas.

Diversos estudos recentes, de campo e de laboratório, têm verificado algumas predições
da teoria da Rainha Vermelha. Em andorinhas (Hirundo rustica), machos parasitados por carrapatos têm caudas mais curtas do que machos não-infectados, e as fêmeas preferem acasalar-se com machos com caudas longas. Além disso, um interessante experimento trocou a metade dos ovos entre ninhos e revelou que a carga de parasitas dos filhos é mais relacionada com a carga de parasitas dos pais genéticos do que com a dos ‘padrastos’. Isso revela que a resistência aos parasitas é hereditária, um dos fatores-chave para a teoria de Hamilton e Zuk funcionar.

Em galinhas selvagens (Gallus gallus), descobriu-se que galos não-parasitados têm
cristas mais desenvolvidas do que galos contaminados por vermes intestinais, e que a preferência de acasalamento das galinhas está mais associada às cristas do que ao tamanho do corpo do galo.

No peixe barrigudinho (Poecilia reticulata), machos mais parasitados exibem o comportamento
de corte com menos freqüência. Com isso, as fêmeas tendem a se acasalar com os menos parasitados. Machos de pererecas (Hyla versicolor) parasitadas por vermes helmintos emitem menos chamados de corte e têm baixo sucesso reprodutivo.
A relação entre parasitismo e menor sucesso reprodutivo também foi confirmada em moscas-das-frutas (Drosophila testacea).

O teste mais difícil que a teoria da Rainha Vermelha enfrentou talvez tenha sido o chamado
teste da previsão interespecífica.
Segundo a teoria, espécies submetidas durante sua história evolutiva a uma maior pressão
de parasitas deveriam exibir características sexuais secundárias mais elaboradas. Para testar tal hipótese, Hamilton e Zuk cruzaram dois tipos de dados. Marlene Zuk ordenou as espécies de aves norte-americanas em função do grau de desenvolvimento de características sexuais secundárias.
Aves com colorações ultraelaboradas, como Piranga olivacea (da família dos tangarás) ganharam nota 6, enquanto pássaros monocromáticos receberam nota 1.
Ao mesmo tempo, Hamilton pesquisou a bibliografia veterinária e zoológica para calcular um índice da pressão de parasitas (causadores de infecções sangüíneas crônicas) para cada uma dessas espécies.
Se a teoria estivesse correta, aquelas com penas mais coloridas e elaboradas deveriam ter mais parasitas. E foi exatamente isso que eles encontraram.

A teoria resiste às provas

A existência do sexo tem desafiado a mente de grandes evolucionistas desde o século passado.
Grande número de hipóteses foram propostas tentando identificar o principal benefício
da reprodução sexuada.
Muitas obtiveram certa popularidade por algum tempo, mas depois foram deixadas de lado.
Outras foram revistas e voltaram ao cenário científico após terem sido quase esquecidas.

A teoria da Rainha Vermelha, desde sua apresentação, foi inúmeras vezes desafiada, o que é demonstrado pelo grande número de trabalhos já publicados a seu respeito.
No entanto, ao que tudo indica, a Rainha Vermelha, assim como Alice, continuam correndo à frente de seus adversários.

O sexo serve para quê?

As hipóteses científicas mais atuais sobre a necessidade e a importância da reprodução sexuada para os seres vivos baseiam-se em argumentos genéticos ou ecológicos.

Hipóteses históricas

August Weismann (1889) -- Sexo é... “uma fonte de variação individual que fornece material para a operação da seleção natural”.
Limitações: a reprodução sexuada certamente produz variabilidade, que passará pelo crivo da seleção natural. A explicação do Weismann, porém, assume que uma adaptação é criada hoje com a intenção de facilitar a evolução amanhã. Em outras palavras, bota a carroça na frente dos bois.

Ronald Fisher (1930), Hermann Müller (1932), James Crow e Motoo Kimura (1965) -- Sexo é... “uma adaptação que permite a linhagens sexuais juntar boas mutações, de forma a sobrepujar linhagens assexuais”.
Limitações: hoje, admite-se que, em geral, a evolução não ocorre pela disputa entre grupos, linhagens ou espécies, e sim pela disputa entre indivíduos possuidores de diferentes genótipos.

Hipóteses genéticas

Mark Kirkpatric e Cheril Jenkins (1989) -- Sexo é... “um mecanismo que aumenta a probabilidade de uma mutação recessiva ‘boa’ se manifestar em um indivíduo”.
Limitações: embora modelos teóricos demonstrem que tal hipótese funciona bem sob certas condições (altas taxas de seleção e mutação), ela não explica por que, no mundo real, o número de organismos que fazem autofecundação (caminho mais curto para reunir boas mutações recessivas) é tão baixo.

Hermann Müller (1964) e Alexey Kondrashov (1982) -- Sexo é... “um mecanismo para eliminar mutações prejudiciais”.
Limitações: as baixas taxas de mutação verificadas em organismos procariotos (cujas células não têm núcleo diferenciado) sugerem que existem soluções celulares mais simples e baratas que a meiose para evitar o acúmulo de mutações prejudiciais.

Harris Bernstein (1983) -- Sexo é... “um mecanismo que permite o conserto das fitas de DNA
(ácido desoxirribonucléico) através da recombinação”.
Limitações: diversos argumentos sugerem que o conserto do DNA deve ser visto como uma conseqüência benéfica da existência do sexo e não sua causa.

Hipóteses ecológicas

George C. Williams (1966) e John Maynard Smith (1971) -- Sexo é... “um mecanismo que permite a produção de filhos geneticamente diversos, capazes de enfrentar a variabilidade temporal e espacial do ambiente”.
Limitações: essa hipótese prevê que o sexo deve ocorrer com maior freqüência em ambientes instáveis, mais sujeitos a variações das condições bióticas. No entanto, os padrões geográficos e ecológicos relacionados à reprodução sexuada são opostos ao previsto por essa hipótese: a reprodução assexuada é mais comum em organismos de água doce, onde os teores de nutrientes e a temperatura flutuam bastante, e a reprodução sexuada predomina em ambientes marinhos, mais constantes. Além disso, organismos assexuados são comuns no início da sucessão ecológica, em países temperados e em topos de montanha, onde espera-se maior instabilidade.

Michael Ghiselin (1974) -- Sexo é... “um mecanismo de diferenciação ecológica entre irmãos e parentes, que permite sua coexistência em ambientes saturados”.
Limitações: não existe justificativa para que o filho que conseguiu sobreviver por se diferenciar ecologicamente dos demais parentes opte por se utilizar do sexo para produzir filhos diferentes dele mesmo.

William D. Hamilton (1980) -- Sexo é... “um mecanismo evolutivo pelo qual os organismos podem escapar dos seus parasitas” (teoria sosigônica).
Limitações: a serem descobertas.

Sistema Reprodutor Masculino

Participam, na reprodução, produzindo os gametas masculinos, os espermatozóides, que são células haplóides (contendo apenas metade dos cromossomos de uma célula normal. Além disso, é responsável pela ejaculação dos tais gametas masculinos no interior do aparelho reprodutor feminino, onde eventualmente um gameta masculino se junta ao feminino, propiciando a fecundação. Produz também uma considerável quantidade de hormônio masculino, a testosterona, responsável em grande parte pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e secundários no homem).
*Participam do sistema reprodutor Masculino as seguintes estruturas: dois testículos, (alojados no interior de uma bolsa denominada bolsa escrotal), dois canais deferentes, duas vesículas seminíferas (ou seminais), próstata, glândulas, bulbo-uretrais, glândulas uretrais, uretra e pênis.

TESTÍCULOS
São dois, localizados no interior de um saco denominado bolsa escrotal. No interior de cada testículo existem cerca de 900 túbulos seminíferos, cada um com aproximadamente 60 cm. de comprimento. No interior dos túbulos seminíferos é que, a partir de certa fase da puberdade, ocorre à espermatogênese, isto é, a produção dos espermatozóides. Estes são produzidos em grande quantidade (milhões) a cada dia, a partir de células mais primitivas, as espermatogonias que, com o estímulo hormonal a partir da puberdade, passam por uma série de divisões celulares e formam, através destas divisões, outros tipos de células que evoluem até que sejam formadas as destas divisões, outros tipos de células que evoluem até que sejam formadas as espermátides, que se transformam em espermatozóides.
As etapas pelas quais passam as células, desde as espermatogônicas até a sua transformação em espermatozóides, são as seguintes: Espermatogônias - Espermatófitos primários – Espermatófitos secundários – Espermatides – Espermatozóides.
Quando cada espermatófito primário se divide para formar 2 espermatófitos secundários, os cromossomos não se replicam, como correria em qualquer outro processo de divisão celular através de mitose. Esta divisão, sema replicação dos cromossomos, faz com que cada célula então formada tenha apenas metade dos cromossomos da célula que as deu origem. Trata-se de uma divisão celular denominada meiose.
Em meio às células que formam o epitélio germinativo do homem, no interior dos túbulos seminíferos, existem também outras células. Destacam-se as células de Sertoli (ou células de sustentação). São responsáveis, entre outras coisas, pela produção de determinadas enzimas e hormônios, necessários ao desenvolvimento da espermatogênese. As células de Sertoli são também responsáveis, em grande parte, pela absorção do líquido citoplasmático das espermátides, durante a transformação das mesmas em espermatozóides.
Externamente aos túbulos seminíferos existem também outras células muito importantes: as células de Leydig, responsáveis pela reprodução do hormônio testosterona, extremamente necessário tanto à espermatogênese normal como também ao desenvolvimento de todo o aparelho reprodutor masculino que ocorre durante a puberdade.
A partir da puberdade, algumas células da glândula hipófise anterior (adenohipófise) iniciam, sob estimulação epitalâmica (LRF), a produção d hormônios como FSH estimula o desenvolvimento do epitélio germinativo, responsável diretamente pela espermatogênese. OLH estimula a normal espermatogênese.
Milhões de espermatozóides são produzidos a cada dia no interior dos túbulos seminíferos. Mas, no interior destes túbulos, tais espermatozóides são ainda imaturos. A maturidade ocorre durante sua passagem através de um outro túbulo, bem mais comprido e único em cada testículo, o epidídimo. Durante este tempo, adquirem a maturidade, isto é, a capacidade de se locomover e fecundar um óvulo.

CANAIS DEFERENTES

Na medida em que os espermatozóides vão deixando o epidídimo, a cada lado, vão passando por um outro túbulo, mais calibroso e que os transportará desde a bolsa escrotal até o interior da cavidade pélvica, acima, onde se juntará á uretra, no interior da próstata. No interior dos canais deferentes, embora já maturos, os espermatozóides permanecem imóveis. Isto se deve principalmente ao pH ácido encontrado no interior dos canais deferentes.

VESÍCULAS SEMINÍFERAS
São duas, umas em cada canal deferente, pouco antes que este atinja a próstata. Pouco antes da ejaculação, durante o ato sexual, cada uma destas glândulas secreta o líquido seminal, um líquido viscoso e amarelado, rico em nutrientes, açúcares e demais substâncias, importantes aos espermatozóides durante o trajeto dos mesmos no interior do aparelho reprodutor feminino.

PRÓSTATA
Outra importante glândula, localizada abaixo da vesícula e ano interior da qual passa a uretra, que drena a urina. No interior da próstata o líquido contendo os espermatozóides, proveniente dos canais deferentes, se junta à uretra que, a partir de então, faz parte tanto do aparelho urinário como também o aparelho reprodutor no homem. Durante o ato sexual, pouco antes da ejaculação, a próstata secreta no interior da uretra o líquido prostático, um líquido esbranquiçado, leitoso e alcalino. O pH alcalino é importante para neutralizar a acidez encontrada no interior dos canais deferentes e no interior da vagina. Como citado acima, na presença de pH ácido os espermatozóides não se locomovem.

GLÂNDULAS BULBO-URETRAIS
São duas, localizadas no segmento bulbar da uretra. Também durante o ato sexual, pouco antes da ejaculação, drenam muco ao interior da uretra.

URETRA
Longa no homem inicia-se abaixo da bexiga, passa pelo interior da próstata (onde recebe o sêmem) e, após passar próxima à sínfise pubiana (segmento bulbar), atinge o pênis. Através do interior deste, atravessando-o longitudinalmente por completo, a uretra finalmente se exterioriza.

PÊNIS
Formado em grande parte por tecido erétil (2 corpos cavernosos e 1 corpo esponjoso), é o grande responsável pela introdução do material germinativo do homem no interior do aparelho feminino durante o ato sexual. Os tecidos eréteis, em seu interior, são formados por grande quantidade de cavidades semelhantes à esponja, por onde passa sangue durante todo o tempo. Durante o ato sexual, com a excitação masculina, estes tecidos recebem um suprimento de sangue ainda maior, o que os tornam intumescido e inflados. O pênis, com isso aumenta de volume, tornando-se rígido e ereto. Tal fenômeno é conhecido como ereção. A irrigação sanguínea aumentada durante a ereção é causada por estimulação de um circuito nervoso localizado na região sacral da medula espinhal e transmitida aos vasos sanguíneos através de nervos autônomos parassimpáticos.

ATO SEXUAL MASCULINO
Como descrito acima, a primeira fase do ato sexual masculino é a ereção, que ocorre através de fenômenos vasculares que propiciam uma congestão sanguínea nos tecidos eréteis do pênis, tornando-o ereto, rígido e com maior volume. O fenômeno da ereção ocorre, como descrito acima, através de excitação na região sacral da medula espinhal e transmitida por meio de nervos parassimpáticos. Com o prosseguimento da excitação, um circuito neuronal localizado na região lombar alta da medula espinhal também se excita e, por meio de nervos autônomos simpáticos, provocam uma série de fenômenos que proporcionarão a emissão e, logo em seguida a ejaculação. Durante a emissão ocorrem contrações do epidídimo, canais deferentes, vesículas seminíferas, próstata, glândulas bulbo-uretrais e glândulas uretrais. A uretra, então, se enche de liquido contendo milhões de espermatozóide. Com a ejaculação, ocorrendo logo a seguir, aproximadamente 3,5 a cinco ml. de sêmem são expelidos ao exterior do aparelho masculino. Este volume de sêmem contém cerca de 200 a 400 milhões de espermatozóides. O líquido prostático neutraliza a acidez da vagina, possibilitando o movimento dos espermatozóides no interior do aparelho reprodutor feminino.


TESTOSTERONA
É o grande responsável pelo desenvolvimento tanto dos caracteres primários como os secundários no sistema reprodutor masculino. Já mesmo antes do nascimento, durante a vida embrionária, desenvolvem-se as células produtoras de testosterona. Sob estímulo de um hormônio placentário - gonadotropina coriônica - tais células iniciam a produção de testosterona. A partir de então se dá início ao desenvolvimento dos órgãos que constituirão, ao nascimento, os caracteres sexuais primários masculinos: PENIS, BOLSA ESCROTAL, TESTÍCULOS, CANAIS DEFERENTES, PROSTATA E ETC. A partir do nascimento, ao ser separada da placenta, a célula de Leydig interrompem a produção de testosterona e somente retornarão a produzí-lo a partir da puberdade, desta vez sob estímulo do hormônio Luteinizante (LH).
Sob estímulo do LH, durante todo o restante da vida, ocorrerá produção de testosterona pelos testículos do homem. Durante a puberdade este hormônio promove um significativo desenvolvimento nos órgãos do aparelho reprodutor: Aumento de volume do pênis, da bolsa escrotal, dos canais deferentes e das demais estruturas internas. Desenvolvem-se também os caracteres sexuais secundários do homem: Hipertrofia da laringe, tornando a voz mais grave; crescimento dos ossos longos; aparecimento de pêlos na face e em diversas outras regiões do corpo; maior deposição protéica na pele, tornando-a mais espessa; maior síntese protéica muscular, tornando estes tecidos mais hipertrofiados; calvície quando houver predisposição genética para tal.

*Sistema Reprodutor Feminino:

O sistema reprodutor feminino compõe-se da genitália externa, ou vulva,formada pelos pequenos e grandes lábios vaginais, pelo clitóris, e pelos órgãos reprodutores internos: ovários, trompas de Falópio, útero, e vagina.

Vulva e clitóris

A vulva se compõe de duas pregas de pele cobertas por pêlos pubianos, os grandes lábios, que envolvem duas pregas menores e mais delicadas, os pequenos lábios que protegem a abertura vaginal. Entre os pequenos lábios, um pouco à frente da abertura da vagina, situa-se a uretra. Na região anterior da vulva existe um órgão de grande sensibilidade, o clitóris, cujo comprimento varia de 1 a 2 centímetros, aproximadamente.


Ovários

Os dois ovários localizam-se na cavidade abdominal, um pouco acima das virilhas, um em cada lado do corpo. Eles têm a forma de uma pequena azeitona e medem cerca de 3cm de comprimento. Na porção mais externa do ovário (córtex ovariano) existem céluluas que darão origem aos óvulos.


Folículos Ovarianos

As células precursoras de óvulos estão envoltas por diversas camadas de células foliculares, que constituem os folículos ovarianos. A partir da puberdade, os folículos começam a amadurecer, estimulados por hormônios sexuais liberados pela glândula hipófise. A cada mês alguns folículos entram em atividade, mas em geral apenas um completa o desenvolvimento e libera o óvulo; os demais regridem após alguns dias.
O óvulo em formação encontra-se recoberto por uma película gelatinosa espessa, a zona pelúcia, ao redor da qual as células foliculares se multiplicam ativamente e secretam um líquido, o que faz o folículo crescer. Neste estágio ele passa a ser chamado folículo de Graaf.


Ovulação

O folículo maduro rompe-se e liberta um ovócito secundário, cuja meiose está paralisada em metáfase II. A libertação do ovócito é a Ovulação. Na espécie humana o que chamamos “óvulo” é, na verdade, um ovócito secundário cuja meiose somente se completará se ocorrer a fecundação. Caso o contrário, o ovócito degenera em aproximadamente 24 horas após ser libertado pelo ovário.


Trompas de Falópio

As trompas de falópio, também chamadas de ovidutos, são dois tubos curvos ligados ao útero. A extremidade livre de cada trompa alargada e franjada situa-se junto a cada um dos ovários. O “óvulo” liberado na ovulação é sugado para o interior de uma das trompas e desloca-se até a cavidade uterina.


Útero

O útero é um órgão musculoso e oco, de tamanho e forma aproximados ao de uma pêra. Sua porção superior é alargada e está conectada às trompas. Sua porção inferior denominada colo uterino, é estreita e comunica-se com a vagina. O interior do útero é revestido de um tecido ricamente vascularizado chamado endométrio. A partir da puberdade, mensalmente o endométrio prepara-se para uma possível gravidez.

Vagina

A vagina é canal musculoso que se abre para o exterior, na genitalha externa. Durante a excitação sexual, a parede da vagina dilata-se e recobre-se de substâncias lubrificantes produzidas pelas glândulas de Bartolin, o que facilita a penetração do pênis, durante o ato sexual.


Hormônios Sexuais

A produção dos hormônios sexuais femininos e masculinos, está sob o controle dos hormônios folículoestimulante ( FSH ) e luteinizante (LH), genericamente chamados gonadotrofinas. Esses hormônios são sintetizados e secretados pelo lobo anterior da hipófise. Nos homens as gonadotrofinas atuam sobre os testículos, induzindo a produção de testosterona pelas células instersticiais. Nas mulheres o FHS atua sobre os ovários, estimulando o desenvolvimento dos folículos e o LH é responsável pelo rompimento do folículo maduro (ovulação) e pela formação do corpo lúteo ou corpo amarelo, que produz estrógeno e progesterona. O corpo lúteo atinge seu desenvolvimento máximo cerca de 8 a 10 dias após a ovulação.

Glândula Hormônio Órgão-Alvo Principais ações

Hipófise

________

Ovário FSH Ovário Estimula o desenvolvimento do folículo, a secreção de estrógeno e a ovulação.
LH Ovário Estimula a ovulação e o desenvolvimento do corpo amarelo.
Prolactina Mamas Estimula a produção de leite (após estimulação prévia das glândulas mamárias por estrógeno e progesterona).
Estrógeno Diversos Crescimento do corpo e dos órgãos sexuais; estimula o desenvolvimento das características sexuais secundárias.
Sistema reprodutor Maturação dos órgãos reprodutores; preparação do útero para a gravidez.
Progesterona Útero Completa a preparação da mucosa uterina e mantém preparada para a gravidez.
Mamas Estimula o desenvolvimento das glândulas mamárias.

Controle hormonal do ciclo menstrual

Menstruação é eliminação de células muscosa uterina e de sangue pela vagina. Isso ocorre a cada 28 dias durante a vida fértil da mulher. O intervalo entre uma menstruação e outra chama-se ciclo menstrual.

Concepção, Gravidez e Parto

O conjunto de alterações fisiológicas que ocorrem antes, durante e logo após o ato sexual é chamado ciclo da resposta sexual. Esse ciclo é dividido em quatro fases:

_Excitação: desencadeada pela estimulação erótica;

_Estabilização: a circulação dos órgãos genitais e tensão muscular, aumentam pronunciadamente;

-Orgasmo: é o clímax da excitação sexual;

_Dissolução: onde ocorrem processos inversos ao das duas primeiras fases do ciclo de resposta sexual.


Concepção

Os espermatozóides depositados no fundo da vagina no ato sexual, nadam ativamente para o interior do útero, de onde atingem os ovidutos. Caso encontrem o óvulo ocorrerá a fertilização. O desenvolvimento embrionário tem início ainda no oviduto, logo após a fertilização. As primeiras divisões celulares ocorrem à medida que o embrião se desloca pela trompa em direção ao útero. Cerca de 6 a 7 dias após a fecundação o embrião, já em estágio de blatocisto, implanta-se na muscosa uterina. Esse fenômeno é chamado nidação e marca o início da gravidez. A fertilização e a nidação constituem a concepção.


Gravidez

Com um mês de idade, o embrião tem pouco mais de meio centímetro de comprimentro e está envolto por uma bolsa cheia de líquido, a bolsa
Amniótica, que o protege contra a dessecação e eventuais choques mecânicos.

Idade do Embrião Evento
24 horas Primeira divisão do zigoto, com formação de duas células.
3 dias Chegada do embrião, em estágio de mórula ao útero.
7 dias Implantação do embrião, em estágio de blastocisto, na parede uterina.
2,5 semanas Organogênese em curso. Início da formação da notocorda e do músculo cardíaco; formação das primeiras células sanguíneas, do saco vitelínico e do córion.
3,5 semanas Formação do tubo nervoso. Primórdios de olhos e ouvidos já são visíveis; diferenciação do tubo digestivo com formação das fendas branquiais e início de desenvolvimento do fígado e do aparelho respiratório; o coração começa a bater.
4 semanas Aparecimento de brotos dos braços e pernas; formação das três partes básicas do encéfalo.
2 meses Início dos movimentos. Já é possível identificar a presença de testículos ou ovários; tem início a ossificação; os principais vasos sanguíneos assumem sua posição definitiva.
3 meses O sexo já pode ser identificado externamente; a notocorda degenera.
4 meses A face do embrião assume aparência humana.
3º trimestre Os neurônios tornam-se mielinizados; ocorre crescimento do corpo.
266º dia Nascimento.

O parto

O parto consiste na expulsão do feto pelo útero e ocorre ao fim do nono mês de gravidez cerca de 266 dias após a fecundação. Nesta época o feto humano mede aproximadamente 50cm de comprimento e pesa em média 3,5 Kg.
No momento do parto o colo do útero se dilata e a musculatura uterina passa a se contrair ritmicamente. O bolsa aminiótica se rompe e líquido nela contido extravassa pela vagina. O feto, com a cabeça voltada para baixo, é empurrado para fora do útero pelas fortes contrações da musculatura uterina. A vagina se dilata permitindo a passagem do bebê. A placenta se desprende-se da parede uterina e também é expulsa pela vagina, juntamente com sangue proveniente do rompimento de vasos sanguíneos maternos. Neste momento, o cordão umbilical que liga o feto à placenta deve ser cortado.