Centro de Ensino Médio
Setor Leste
Serie/Turma: 1º G
Professor: João Couto
Matéria: Biologia
A Origem dos Seres Vivos
A hipótese
da geração espontânea
Até o século
XIX, imaginava-se que os seres vivos poderiam surgir não só a partir da
reprodução de seres preexistentes, mas também a partir de matéria sem vida, de
uma forma espontânea. Essa idéia, proposta há mais de 2.000 anos por
Aristóteles, filósofo grego, é conhecida como geração espontânea.
Segundo aqueles
que acreditavam na geração espontânea, determinados objetos poderiam conter um
“princípio ativo”, isto é, uma espécie de “força” capaz de transformá-los em
seres vivos.
Através da
geração espontânea, explicava-se, por exemplo, o aparecimento de vermes no
intestino humano, como a lombriga, ou o surgimento de ”vermes” no lixo ou na
carne em putrefação.
Logicamente,
quem assim pensava desconhecia o ciclo de vida de uma lombriga ou uma de mosca.
Hoje, sabe-se que as lombrigas surgem no intestino humano a partir da ingestão
de água e de alimentos contaminados por ovos fecundados de lombrigas
preexistentes. Sabe-se também que os “vermes” que podem
aparecer no lixo e na carne em decomposição são, na verdade, larvas de
moscas que se desenvolvem a partir de ovos depositados nesses materiais por
moscas fecundadas.
A
hipótese extraterrestre
Svante Arrhenius
(1859-1927), um físico e químico sueco, supunha que, em épocas passadas,
poeiras espaciais e meteoritos caíram em nosso planeta trazendo certos tipos de
microrganismos, provavelmente semelhantes a bactérias. Esses microrganismos,
então, foram se reproduzindo, dando origem à vida na Terra.
A
hipótese de Oparin
Até chegar à forma que tem hoje, com seu relevo, rios, oceanos, campos,
desertos e seres vivos, a Terra passou por diversas transformações.
Quando se formou admite-se, o planeta era tão quente que era impossível a vida desenvolver nele. O surgimento da vida só se tornou
possível com algumas mudanças ocorridas, por exemplo, no clima e na composição
dos gases atmosféricos.
Atmosfera
primitiva |
Atmosfera
atual |
Hidrogênio
(H2) |
Nitrogênio
(N2) |
Metano
(CH4) |
Oxigênio
(02) |
Amônia
(NH3) |
Gás
carbônico (CO2) |
Vapores
de água |
Vapores
de água |
|
Gases
nobres |
Os vapores de água foram um dos componentes mais importantes da atmosfera
primitiva. Admite-se que eles resultaram da grande atividade dos vulcões. Esses
vapores de água foram se acumulando na atmosfera durante séculos.
Nas altas camadas da atmosfera, os vapores de água, na forma de densas nuvens,
resfriavam-se e, condensando-se, começaram a cair como chuva. Era o início do
ciclo da água, que ocorre até hoje (evaporação => condensação => chuva).
Como a superfície da Terra era quentíssima, a água evaporava-se quase
imediatamente, voltando a formar nuvens. Por milhões de anos, imagina-se, houve
essa seqüência de chuvas e evaporação antes que os oceanos fossem formados.
Somente quando a superfície da Terra se resfriou muito, começou a haver acumulo
de água líquida em regiões mais baixas, formando lagos, mares e oceanos.
Foi nos oceanos primitivos que a vida deve ter se originado. Pelo menos é o que
até agora os cientistas têm aceito como hipótese mais
provável. Um deles, o bioquímico russo de nome Aleksandr
Ivanovitch Oparin
(1894-1980), procurou explicar a formação do primeiro ser vivo a partir de
moléculas orgânicas complexas.
Das
moléculas orgânicas aos coacervados
Oparin acreditava que as moléculas orgânicas foram
produzidas a partir de reações ocorridas entre os gases existentes na atmosfera
primitiva. Essas reações teriam sido provocadas pela energia do
raios ultravioletas do Sol e pelas descargas elétricas dos raios
durantes as tempestades, então muito freqüentes.
Entre as diversas moléculas orgânicas supostamente produzidas a partir de gases
primitivos, destacam-se os aminoácidos. Os aminoácidos formados devem ter
combinado entre si dando origem a outras substâncias mais complexas, chamados
proteínas. Ao longo de milhões de anos, as proteínas foram se acumulando nos
mares primitivos e se juntando em minúsculos aglomerados, que Oparin chamou de coacervados.
Dos coacervados às células
A ciência atual admite que muitas substâncias presentes nos mares primitivos
foram lentamente se juntando aos coacervados,
tornando-os cada vez mais complexos. Admite também que no interior dos coacervados ocorreram muitas reações entre substâncias
inexistentes, até que, depois de milhões de anos, surgiram os ácidos nucléicos.
Os ácidos nucléicos organizam o material genético de uma célula e comanda suas
atividades diversas, inclusive a reprodução. Assim, com o surgimento dessas
moléculas muito especiais, os coacervados puderam se
transformar em seres unicelulares.
Os primeiros seres vivos da Terra, eram unicelulares,
heterotróficos e alimentavam-se de substâncias existentes nos oceanos.
Com o passar do tempo, o número desses seres primitivos aumentou muito. Os
alimentos existentes no oceanos foram lentamente se
tornando insuficiente para todos. Mas milhões de anos depois, após muitas
modificações acorridas no material genético, alguns desses seres tornaram-se
capazes de produzir clorofila e fazer fotossíntese. Surgiram, então os
primeiros seres autotróficos, que produziam o alimento necessário para manter a
vida na Terra.
Foi a partir desses dois tipos de seres que se desenvolveu a vida na Terra.
Eles foram se diferenciando cada vez mais e lentamente originando todos os
seres vivos que conhecemos hoje, inclusive o homem.
Apesar dos fenómenos que levaram à formação da Terra
terem o seu início há 4 600 milhões de anos, a prova de vida
mais antiga encontrada na natureza são fósseis de seres vivos semelhantes a
organismos do reino protista, com cerca de 3 500 milhões de anos na
África do Sul e Austrália. Apesar de, durante estes 1000 milhões de anos o
nosso planeta ter sido um planeta morto, foram-se criando as condições para o
aparecimento da vida.
Pensa-se que esse fenómeno terá tido origem no mar,
sob condições completamente diferentes das que existem na actualidade.
Experiências laboratorias têm tentado reconstituir o
que se terá passado nos mares naquela altura. A atmosfera da Terra primitiva
seria principalmente formada por hidrogénio, azoto e
vapor de água. Estes gases, sujeitos à acção de várias fontes de energia, nomeadamente as elevadas
temperaturas que se faziam sentir, terão sido "cozinhados", reagindo
entre si, formando os primeiros compostos orgânicos, que eram moléculas muito
simples. Os compostos formados na atmosfera primitiva transferiram-se depois
para os oceanos, que ficaram carregados de substâncias minerais e orgânicas,
transformando-se numa "sopa primitiva", muito nutritiva. Estas
substâncias continuaram a reagir entre si, conduzindo à formação de substâncias
mais complexas, incluindo aminoácidos, que são fundamentais à formação da vida.
Estas moléculas constituiram, depois, unidades
individualizadas do meio e com as condições ambientais apropriadas surgiram as primeiras células, ou seja, a Vida. Elas eram muito
simples, semelhantes a bactérias. É claro que das substâncias orgânicas até ao
aparecimento do primeiro organismo vivo, muitas reacções químicas tiveram de ocorrer, mas elas ainda não
estão completamente compreendidas.
ORIGEM DA VIDA
Ao longo dos séculos, várias hipóteses
foram formuladas por filósofos e cientistas na tentativa de explicar como teria
surgido a vida em nosso planeta. Até o século XIX, imaginava-se que os seres
vivos poderiam surgir não só a partir do cruzamento entre si, mas também a
partir da matéria bruta, de uma forma espontânea. Essa idéia, proposta há mais
de 2 000 anos por Aristóteles, era conhecida pôr geração
espontânea ou abiogênese. Os defensores dessa
hipótese supunham que determinados materiais brutos conteriam um
"princípio ativo", isto é, uma "força" capaz de comandar
uma série de reações que culminariam com a súbita transformação do material
inanimado em seres vivos.
O grande poeta romano Virgílio (
No século XVII, o naturalista Jan Baptiste van Helmont
(1577-1644), de origem belga, ensinava como produzir ratos e escorpiões a
partir de uma camisa suada, germe de trigo e queijo.
Nesse mesmo século, começaram a surgir
sábios com novas ideias, que não aceitavam a
abiogênese e procuravam desmascará-la, com suas experiências baseadas no método
científico.
Abiogênose X biogênese
Em meados do século XVII, o biólogo
italiano Francesco Redi (elaborou experiências que,
na época, abalaram profundamente a teoria da geração espontânea. Colocou
pedaços de carne no interior de frascos, deixando alguns abertos e fechando
outros com uma tela. Observou que o material em decomposição atraía moscas, que
entravam e saíam ativamente dos frascos abertos. Depois de algum tempo, notou o
surgimento de inúmeros "vermes" deslocando-se sobre a carne e
consumindo o alimento disponível. Nos frascos fechados, porém, onde as moscas
não tinham acesso à carne em decomposição, esses "vermes" não apareciam . Redi, então, isolou
alguns dos "vermes" que surgiram no interior dos frascos abertos,
observando-lhes o comportamento; notou que, após consumirem avidamente o
material orgânico em putrefação, tornavam-se imóveis, assumindo um aspecto ovalado, terminando por desenvolver cascas externas duras e
resistentes. Após alguns dias, as cascas quebravam-se e, do interior de cada
unidade, saía uma mosca semelhante àquelas que haviam
pousado sobre a carne em putrefação.
A experiência de Redi
favoreceu a biogênese, teoria segundo a qual a vida se origina
somente de outra vida preexistente.
Quando Anton van Leeuwenhoek (1632-1723), na
Holanda, construindo microscópios, observou pela primeira vez os micróbios,
reavivou a polêmica sobre a geração espontânea, abalando seriamente as
afirmações de Radi.
Foi na Segunda metade do século passado
que a abiogênese sofreu seu golpe final. Louis Pasteur (1822-1895), grande
cientista francês, preparou um caldo de carne, que é excelente meio de cultura
para micróbios, e submeteu-o a uma cuidadosa técnica de esterilização, com
aquecimento e resfriamento. Hoje, essa técnica é conhecida como
"pasteurização".
Uma vez esterilizado, o caldo de carne
era conservado no interior de um balão "pescoço de cisne".
Devido ao longo gargalo do balão de
vidro, o ar penetrava no balão, mas as impurezas ficavam retidas na curva do
gargalo. Nenhum microrganismo poderia chegar ao caldo de carne. Assim, a
despeito de estar em contato com o ar, o caldo se mantinha estéril, provando a
inexistência da geração espontânea. Muitos meses depois, Pasteur exibiu seu
material na Academia de Ciências de Paris. O caldo de carne estava
perfeitamente estéril. Era o ano de
Como surgiu o primeiro ser vivo?
Desmoralizada a teoria da abiogênese,
confirmou-se a idéia de Prayer:
Omne vivium ex
vivo, que se traduz por "todo ser vivo é proveniente de outro ser
vivo". Isso criou a seguinte pergunta: se é
preciso um ser vivo para originar outro ser vivo, de onde e como apareceu o
primeiro ser vivo?
Tentou-se, então, explicar o aparecimento
dos primeiros seres vivos na Terra a partir dos cosmozoários,
que seriam microrganismos flutuantes no espaço cósmico. Mas existem provas
concretas de que isso jamais poderia ter acontecido. Tais seres seriam destruidor
pelos raios cósmicos e ultravioleta que varrem continuamente
o espaço sideral.
Em 1936, Alexander Oparin
propõe uma nova explicação para o origem da vida. Sua
hipótese se resume nos seguintes fatos:
Oparin não teve condições de provar sua
hipótese. Mas, em 1953, Stanley Miller, na Universidade de Chigago,
realizou em laboratório uma experiência. Colocou num balão de vidro: metano,
amônia, hidrogênio e vapor de água. Submeteu-os a aquecimento prolongado. Uma
centelha elétrica de alta tensão cortava continuamente o ambiente onde estavam
contidos os gases. Ao fim de certo tempo, Miller comprovou o aparecimento de
moléculas de aminoácido no interior do balão, que se acumulavam no tubo em U.
Pouco tempo depois, em 1957, Sidney Fox submeteu uma mistura de aminoácidos secos a aquecimento
prolongado e demonstrou que eles reagiam entre si, formando cadeias peptídicas,
com o aparecimento de moléculas protéicas pequenas.As experiências de Miller e Fox comprovaram a veracidade da hipótese de Oparin.