Atlas Eletrônico de Histologia

Alunas: Pricila Rayane e Aline Dayane Campos Lopes/ Turma: T/ Sala: 05/ Série: 1ª do Segundo Grau

A PREPARAÇÃO DE LÂMINAS HISTOLÓGICAS: FIXAÇÃO E COLORAÇÃO

A maior parte dos tecidos não pode ser observada in vivo. Devido a esse fato, eles devem ser submetidos a processos de fixação para que suas estruturas morfológicas mantenham-se preservadas. Vários processos degenerativos de autólise celular ocorrem logo após a morte dos tecidos. Seu conjunto recebe o nome de degeneração post-mortem. Para evitar essa autólise que inicia após a morte dos tecidos e a própria digestão do material por bactérias decompositoras, devem-se empregar substâncias que, ao se ligar aos principais componentes estruturais do tecido (geralmente proteínas), mantenham a estrutura do material a ser estudado. Esse processo de preservação dos componentes estruturais dos tecidos denomina-se fixação. As substâncias que executam o processo de fixação são chamadas fixadores. O mecanismo de ação dos fixadores é pouco conhecido e todos possuem vantagens e desvantagens. Os cientistas desenvolveram misturas empíricas de fixadores para compensar suas principais desvantagens. Os principais fixadores são: formol, líquido de Bouin, líquido de Helly, aldeído glutárico e tetróxido de ósmio.
Para que os componentes do tecido possam ser visualizados, a luz deve atravessá-los, dirigindo-se aos olhos do observador. Isto limita a espessura dos cortes a poucos micrometros. A fim de que os tecidos suportem o processo de corte, devem ser impregnados com parafina ou resinas epóxi (caso o corte seja mais delgado, utilizado em microscopia eletrônica). Esse processo chama-se impregnação. Antes da impregnação, a peça deve passar pelos processos de desidratação e diafanização.
Os processos histoquímicos de coloração permitem a observação dos componentes dos tecidos devido ao contraste que produzem ao ligarem-se distintamente a eles.
Princípios da histoquímica: o princípio básico da histoquímica é a localização de determinados compostos químicos a partir de técnicas de preparação. A observação da presença destes compostos nas células pode auxiliar muito na determinação das características celulares.
Para que os métodos histoquímicos obtenham sucesso, são necessários alguns requisitos básicos: o produto da reação histoquímica deve ser insolúvel e não-difusível, para que a determinação de sua localização seja precisa. Também é importante que o método utilizado seja específico para a substância ou grupo químico que está sendo analisado, para que não ocorram conclusões equivocadas.
Substâncias basófilas e acidófilas - HE: a principal técnica de coloração de tecidos para o estudo de Histologia básica é a técnica HE (Hematoxilina-Eosina). Através dessa técnica, podemos diferenciar porções basófilas e acidófilas do tecido estudado. A hematoxilina é basófila, ou seja, tem afinidade por substânicas básicas. Sendo assim, ela costuma corar os núcleo e o Retículo Endoplasmático Rugoso, locais onde há grande quantidade de proteínas (básicas pelo seu grupamento amina). A eosina é acidófila, tendo afinidade pelo citoplasma, fibras colágenas e outras substânicias ácidas das células.
Localização de lipídios: Para a localização de lipídios, são utilizados corantes que possuem alto grau de dissolução em gorduras. Os corantes, misturados com uma solução alcoólica saturada pela qual possuem baixo grau de dissociação, são colocados em contato com o tecido e então transferem-se da solução alcoólica para os lipídios. Os principais exemplos de corantes específicos para lipídios são o Sudan IV e o Sudan Negro.
Localização de ácidos nucléicos: A localização dos ácido nucléicos baseia-se no método de Feulgen. Neste método, o DNA reage com uma solução de ácido clorídrico, que retira as bases púricas e forma grupamentos aldeídos na desoxirribose. Então, é adicionado o reativo de Schiff (fucsina básica descorada pelo anidrido sulfuroso) que se combina com os radicais aldeído para formar um composto insolúvel e vermelho. Esse método possui uma proporcionalidade entre a intensidade da coloração e o teor de DNA, de modo que zonas mais coradas possuem maior teor de DNA.
Para mais informações sobre o reativo de Schiff, ver a técnica de coloração PAS, neste mesmo texto.
O RNA pode ser identificado porque possui alta basofilia (afinidade com corantes básicos). Porém, como em determinados tecidos existem outras substâncias de natureza basófila, é necessário um procedimento adicional, caso se deseje localizar apenas o RNA: devem-se preparar duas lâminas, uma contendo a enzima ribonuclease e outra sem esta enzima. Esta enzima digerirá o RNA presente na lâmina. Então, coram-se as duas lâminas com um corante basófilo. Fazendo-se a substração das duas imagens, perceber-se-ão os locais onde previamente havia RNA.
Localização de polissacarídeos: A presença de polissacarídeos pode ser determinada pela técnica do PAS (Periodic Acid-Schiff). O ácido periódico oxida os grupamentos 1-2 glicol, produzindo aldeídos. Estes aldeídos reagirão com a fucsina descorada, chamada de reativo de Schiff, dando um composto de adição, violeta e insolúvel. Através dessa técnica é possível visualizar polissacarídeos simples ou associados a proteínas, sendo muito utilizada nas lâminas de fígado (acúmulos de glicogênio), estômago (camada de revestimento de mucopolissacarídeos, modernamente chamados de glicosaminoglicanas), cartilagem hialina (glicosaminoglicanas pertencentes às proteoglicanas da matriz).
Certas substânicias têm a capacidade de alterar a cor original do corante pelo qual foram coradas. Chamamos isso de metacromasia.

O TECIDO EPITELIAL DE REVESTIMENTO

O tecido epitelial tem diversas funções no organismo, tais como revestimento, absorção, secreção, etc. As células geralmente são justapostas, permitindo a existência de pouco material intercelular. Entre o tecido epitelial e o tecido conjuntivo sobre o qual se assenta, existe uma camada chamada membrana basal. Esta é constituída principalmente de colágeno IV, que forma a lâmina basal, e fibras reticulares, que, penetrando no tecido conjuntivo subjacente, competam a membrana basal.

O tecido epitelial de revestimento está dividido da seguinte forma:
· Quanto ao formato da célula: divide-se em tecido epitelial pavimentoso, cúbico e prismático. As células do epitélio pavimentoso são achatadas e têm forma poligonal. As do epitélio prismático (ou colunar, ou cilíndrico) são altas, com forma de prismas e as células cúbicas têm formato cúbico.
· Quanto ao número de camadas: quando todas as células do epitélio se prendem à membrana basal, o epitélio é dito simples. Quando apenas algumas células se prendem a ela, o epitélio é dito estratificado, pois as demais vão se sobrepondo umas às outras, formando vários estratos. Normalmente, as células do epitélio estratificado prismático atingem a mesma altura, assim como os seus núcleos também costumam ter a mesma posição dentro da célula, formando, ao microscópio, uma linha contínua ao longo do epitélio. Existe também o epitélio pseudo-estratificado, no qual todas as células se prendem à membrana basal, mas não atingem a mesma altura, dando a impressão, ao microscópio, de ser estratificado. Os núcleos das células também não atingem a mesma altura e, portanto, não formam uma linha contínua, como acontece no epitélio estratificado.

Combinando as duas classificações, obtemos uma grande variedade de epitélios:
O epitélio simples prismático é encontrado em quase todo o tubo digestivo, revestindo o estômago, o piloro, o duodeno, o jejuno, o íleo (intestino delgado) e o intestino grosso. Além desses órgãos, também reveste a vesícula biliar. No epitélio de revestimento do intestino e da traquéia (que é pseudo-estratificado), existem células especializadas na produção e secreção de glicoproteínas, que ficam aderidas ao epitélio. Estas células são chamadas células caliciformes, pois possuem a forma de cálice, ou de bulbo. As células caliciformes localizam-se entre as células prismáticas do epitélio. Seus núcleos localizam-se na parte basal da célula, que é bem estreita, como a rosca de uma lâmpada. O resto da célula é quase todo preenchido por vesículas de secreção, formando a parte larga da célula, como o bulbo de uma lâmpada. Outra formação típica do epitélio intestinal são as glândulas de Lieberkühn, que são invaginações revestidas de células prismáticas, classificadas como epitélio glandular exócrino tubular simples

AS GLÂNDULAS: TECIDO EPITELIAL GLANDULAR

Os epitélios glandulares, formadores das glândulas, são células especializadas na secreção de produtos que geralmente ficam armazenados em grânulos citoplasmáticos, cuja composição é variável. Existem diversas formas de classificação dos epitélios de secreção, que levam em consideração inúmeros aspectos, como, por exemplo, a quantidade de células, a morfologia do epitélio e o modo como os produtos de secreção são eliminados.
De acordo com a presença ou não de ductos excretores, os epitélios glandulares podem ser classificados em:
· Glândulas exócrinas: possuem ductos que conduzem a secreção à superfície epitelial livre.
· Glândulas endócrinas: o produto de secreção é lançado no meio extracelular e transportado pelo sangue.


GLÂNDULAS EXÓCRINAS

As glândulas exócrinas possuem diversas formas de classificação. Citaremos aqui algumas delas.

Classificação quanto à ramificação do ducto:

Glândulas simples: possuem apenas um ducto secretor não ramificado. Ex.: glândulas de Lieberkühn, encontradas no duodeno, no jejuno, no íleo e no intestino grosso; glândulas sudoríparas, encontradas na pele.

Glândulas compostas: possuem um sistema de ductos ramificados que permite a conexão de várias unidades secretoras com um ducto. Ex.: glândula mamária e glândulas de Brunner, encontradas no duodeno.

Classificação quanto a forma de unidade secretora:

Glândulas tubulares: a unidade secretora possui a forma de um ducto. Ex.: glândulas de Lieberkühn, encontradas no duodeno, no jejuno, no íleo e no intestino grosso; glândulas sudoríparas, encontradas na pele; glândulas fúndicas, encontradas no estômago; glândulas esofágicas, encontradas no esôfago; glândulas cárdicas, no estômago e no esôfago.

Glândulas acinares ou alveolares: a unidade secretora possui um aspecto mais arredondado. Apesar de modernamente os dois termos designarem o mesmo tipo de glândula, por uma questão de tradição o epitélio exócrino do pâncreas é exclusivamente denominado epitélio exócrino acinar. Ex.: glândulas sebáceas, encontradas na pele e ácinos serosos do pâncreas.

Glândulas tubuloalveolares: são glândulas que possuem os dois tipos de unidades secretoras, tubulares e alveolares. Ex.: glândula mamária e glândula submandibular.

Classificação quanto ao tipo de substância secretada:

Glândulas mucosas: produzem uma secreção viscosa e escorregadia, que não se cora pelo HE. Ex.: glândula sublingual, que é mista, predominantemente mucosa.

Glândulas serosas: produzem uma secreção aquosa e límpida que se cora em vermelho pelo HE. Ex.: ácinos serosos do pâncreas, glândula parótida e glândula submandibular (esta última, mista, de células acinares predominantemente serosas).

Glândulas mistas: secretam os dois tipos de secreção mencionados acima, pois possuem os dois tipos de ácinos (mucoso e seroso) ou porque possuem um terceiro tipo, que contém componente mucoso e componente seroso (capacete de Gianuzzi). Ex.: fígado, glândula submandibular (com preomínio de ácinos serosos) e glândula sublingual (com predomínio de ácinos mucosos).

Classificação quanto ao modo como a substância é liberada:

Glândulas merócrinas: o produto de secreção é liberado através da membrana por intermédio de vacúolos, sem a perda do citoplasma. Ex.: ácinos serosos do pâncreas e células caliciformes, encontradas em todo o intestino e na traquéia.

Glândulas holócrinas: a célula secretora morre e torna-se o próprio produto de secreção da glândula. O citoplasma inteiro é convertido em secreção. Ex.: glândulas sebáceas.

Glândulas apócrinas: o conceito de secreção apócrina foi desenvolvido quando o recurso do microscópio eletrônico ainda não estava disponível. Achava-se que determinadas glândulas perdiam parte do seu citoplasma durante a secreção. Estas glândulas seriam denominadas apócrinas. Contudo, o ME provou que esta perda de citoplasma é mínima. A conclusão é que estas glândulas apócrinas seriam realmente glândulas merócrinas. Entretanto, em muitos livros aquele conceito ainda pode ser encontrado. Ex.: glândulas sudoríparas de certas partes do corpo.

GLÂNDULAS ENDÓCRINAS

Glândulas cordonais: as células dispõem-se em cordões maciços anastomóticos separados por capilares sangüíneos. Não há armazenamento de secreção. Ex.: paratireóide, hipófise, ilhotas de Langerhans do pâncreas.

Glândulas vesiculares: as células agrupam-se formando vesículas, que armazenam os produtos secretados antes de eles atingirem a corrente sangüínea. Ex.: tireóide.

O TECIDO CONJUNTIVO

O tecido conjuntivo propriamente dito se apresenta de muitas formas, as quais são caracterizdas pelos tipos de células que as compõe. Tais células podem ser:
· Fibroblastos
· Fibrócitos
· Macrófagos
· Células Adventiciais
· Linfócitos
· Plasmócitos
· Mastócitos
· Células Adiposas

O fibroblasto é a célula mais abundante no tecido conjuntivo. É principal célula formadora da fibras e da substância fundamental amorfa. Geralmente, apresenta-se alongada e com algumas expansões citoplasmáticas, que se estendem para fora da célula. O citoplasma é basófilo devido à intensa atividade de síntese protéica desta célula.

O fibrócito é, na verdade, um fibroblasto adulto, que já não tem uma produção protéica tão grande como tem o fibroblasto. Geralmente, é fusiforme e tem citoplasma acidófilo, devido à diminuição da produção protéica. Também encontra-se cercado de fibras colágenas produzidas por ele mesmo e pelas células vizinhas.

O macrófago é uma célula originada dos monócitos, que são células do sangue. Sua principal função está relacionada à fagocitose e pinocitose de elemetos estranhos ao organismo e de células mortas. Possui morfologia muito variada, podendo ser fixo, chamado de histiócito ou móvel, movendo-se por emissão de pseudópodos. Outra forma de macrófago fixo são as células de Kupffer, encontradas no fígado.

A célula adventicial é responsável pela regeneração de partes do tecido conjuntivo. Assim como a célula mesenquimatosa indiferenciada, ela possui o poder de gerar qualquer outra célula do tecido conjuntivo. Geralmente, encontram-se em volta dos vasos e possuem cromatina condensada.

Os linfócitos são células do sangue presentes no tecido conjuntivo e estão diretamente relacionados ao sistema imunológico. Podem ser de dois tipos:
· Linfócitos tipo B (Bursa de Fabrícius): diferenciam-se em plasmócitos e células-memória.
· Linfócitos tipo T (Timo): diferenciam-se em células regeitadoras de enxerto e células-memória.
Quando o macrófago fagocita uma substância estranha ao organismo, produz interleucina, que promove a proliferação de linfócitos T4 e T5. Estes, por sua vez, liberam um outro tipo de interleucina que induz o linfocito B a se transormar em plasmócito, que produzirá anticorpos. Esse mecanismo é chamado de Imunidade Humoral. Os linfócitos T produzem também uma substância chamada interferon, uma proteína produzida pelas células quando estas são agredidas por vírus. O interferon age de modo a impedir a multiplicação do vírus dentro da célula. Além disso, também diminui a reprodução celular, sendo utilizado no tratamento do câncer.

Os plasmócitos são células originadas dos linfócitos tipo B. Têm o citoplasma basófilo, devido à intensa síntese protéica. Os plasmócitos produzem anticorpos, também chamados de imunoglobulinas, que são formados a partir de estímulos produzidos por moléculas estranhas ao organismo. Os plasmócitos também podem atacar uma célula estranha diretamente, membrana contra membrana, utilizando uma proteína chamada perfurina, que destrói vírus, bactérias, células cancerosas e células de órgãos transplantados. Este tipo defesa chama-se Imunidade Celular.

Os mastócitos são células globulosas, com citoplasma repleto de grânulos basófilos contendo diversas substâncias que atuam no desencadeamento do processo inflamatório. Os mastócitos, em pessoas alérgicas, podem conter IgE's (anticorpos) para vários antígenos que já tenham entrado em contato com o organismo. Quando um antígeno entra em contato com o organismo pela primeira vez, os plasmócitos podem produzir um IgE específico contra aquela sustância. O IgE aloja-se então na membrana do mastócito. No segundo contato com o organismo, o antígeno reage com o IgE da membrana do mastócito, provocando a sua ruptura e, conseqüentemente, a liberação de histamina e outras substâncias contidas nos mastócitos responsáveis pelo processo alérgico. Esse mesmo processo pode gerar um choque anafilático, muitas vezes fatal.

As células adiposas contém enzimas para a síntese de triglicerídios, que são a principal reserva energética do organismo. Os triglicerídios acumulam-se dentro da célula no interior de uma única cavidade. Por isso, o tecido adiposo é dito unilocular. O tecido adiposo pode ser encontrado em muitos lugares no organismo, geralmente abaixo da hipoderme.

O TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO

É dividido em tecido conjuntivo frouxo comum e tecido conjuntivo denso.
O tecido conjuntivo frouxo comum tem, basicamente, a função de preenchimento e apoio para diversas estruturas. Se caracteriza por conter todas as estruturas (células) básicas do tecido conjuntivo e por ser pouco resistente à tração. Seus compnentes principais são os fibroblastos e os macrófagos. Fibras colágenas também são abundantes.
O tecido conjuntivo denso é rico em fibras colágenas. É dividido em tecido conjuntivo denso modelado e não modelado. No tecido conjuntivo modelado, os feixes de fibras colágenas estão arranjados numa direção definida, o que confere ao tecido bastante resistência em trações numa única direção. O exemplo clássico de tecido conjuntivo denso modelado é o que ocorre nos tendões.
No tecido conjuntivo denso não modelado os feixes de fibras colágenas não estão orientados em uma direção definida, o que confere ao tecido bastante resistência a trações feitas em todas as direções. O tecido conjuntivo denso não modelado é encontrado na derme.

AS FIBRAS

As fibras são constituintes do tecido conjuntivo responsáveis, em grande parte, pelas diferentes características dos diferentes tipos de tecido conjuntivo.
Existem três tipos de fibras: as fibras colágenas, as fibras elásticas e as fibras reticulares.


FIBRAS COLÁGENAS

O colágeno é a proteína formadora das fibras colágenas. Essa é uma escleroproteína constituída de duas moléculas de tropocolágeno, que se alinham para formar a fibrila de colágeno. Várias fibrilas unidas formam uma fibra colágena e várias fibras formam um feixe de fibras colágenas.
Existem vários tipos de colágenos, dos quais quatro são os mais importantes. São eles:
· Colágeno tipo 1: o colágeno tipo 1 é o mais comum, aparece nos tendões, na cartilagem fibrosa, no tecido conjuntivo frouxo comum, no tecido conjuntivo denso (onde é predominante sobre os outros tipos), sempre formando fibras e feixes.
· Colágeno tipo 2: produzido por condrócitos, aparece na cartilagem hialina e na cartilagem elástica. Não produz feixes.
· Colágeno tipo 3: constitui as fibras reticulares.
· Colágeno tipo 4: o colágeno tipo 4 aparece na lâmina basal, um dos componentes da membrana basal dos epitélios (ver início do texto O Tecido Epitelial de Revestimento).

FIBRAS ELÁSTICAS

As fibras elásticas são formadas por uma proteína chamada elastina. Elas costumam ocorrer em lugares como o pavilhão auditivo, o conduto auditivo externo, a trompa de Eustáquio, a epiglote, a cartilagem cuneiforme da laringe e nas artérias elásticas. Normalmente têm uma coloração amarelada.
A elastina se caracteriza por formar fibras mais finas que aquelas formadas pelo colágeno. Essas fibras cedem bastante à tração, mas retornam à forma original quando é cessada a força. Essa propriedade é responsável pela manutenção da pressão sangüínea nos períodos de diástole do ventrículo esquerdo, ou seja, quando o sangue não está saindo do coração.
As fibras elásticas não se coram bem com HE, sendo preciso recorrer a outros métodos, como a Fucsina-Resorcina e a orceína.

FIBRAS RETICULARES

As fibras reticulares são formadas de colágeno tipo 3. Assim como as elásticas, as fibras reticulares não se coram bem com HE. Para a sua visualização utilizamos a técnica DRH (Del Rio Hortega), que as cora de preto ou castanho-escuro.

AS CARTILAGENS

O tecido cartilaginoso, ou cartilagem, é um tipo de tecido conjutivo cuja rigidez é intermediária entre a do tecido ósseo e a do tecido conjuntivo denso. A cartilagem não se dobra e é encontrada em poucos locais no corpo humano como, por exemplo, os anéis da traquéia (lâmina 50), partes da laringe, septo nasal, e os locais de junção das porções anteriores das costelas com o esterno. Nas articulações do tipo poliaxial, que permitem grande liberdade de movimento, a cartilagem está presente cobrindo a superfície do osso, onde recebe o nome de cartilagem articular. Essa cobertura diminui o atrito entre as superfícies e, por conseqüência, permite maior facilidade de movimento.
A maior parte do tecido cartilaginoso que surge na vida pré-natal é substituída por tecido ósseo. No entanto, uma pequena quantidade de cartilagem permanece nas extremidades dos ossos, permitindo o seu crescimento longitudinal. Estas estruturas são denominadas discos epifisários.
Distinguem-se três tipos de cartilgem: hialina (lâmina 14), elástica (lâminas 12 e 13) e fibrosa (lâmina 15). Entretanto, com poucas diferenças, todos os três tipos são formados basicamente pelos mesmos constituintes.
As cartilagem são fundamentalmente formadas por grupos de células, denominados condrócitos, que ficam imersos em substância intercelular amorfa, constituída por proteoglicanas (proteínas + glicosaminoglicanas), colágeno e elastina, esta última presente somente na cartilagem elástica.
O papel das proteoglicanas consiste em dar rigidez à cartilagem, pois estabelecem-se ligações eletrostáticas entre as glicosaminoglicanas das proteoglicanas e as moléculas de colágeno.
A matriz amorfa contém muitas moléculas de água, que estão intimamente associadas às glicosaminoglicanas (água de solvatação).
Os condrócitos sintetizam as proteoglicanas e mantêm a matriz em seu estado normal.
Este tipo de tecido não é vascularizado por capilares, obtendo seus nutrientes a partir do conjuntivo que o envolve ou a partir do líquido sinovial, no caso das cartillagens articulares. Os nutrientes difundem-se pela água de solvatação.

O TECIDO ÓSSEO

O tecido ósseo possui um alto grau de rigidez e resistência à pressão. Por isso, suas principais funções estão relacionadas à proteção e à sustentação. Também funciona como alavanca e apoio para os músculos, aumentando a coordenação e a força do movimento proporcionado pela contração do tecido muscular.
Os ossos ainda são grandes armazenadores de substâncias, sobretudo de íons de cálcio e fosfato. Com o envelhecimento, tecido adiposo também vai se acumulando dentro dos ossos longos, substituindo a medula vermelha que ali existia previamente.
A extrema rigidez do tecido ósseo é resultado da interação entre o componente orgânico e o componente mineral da matriz. A nutrição das células que se localizam dentro da matriz é feita por canais. No tecido ósseo, destacam-se estes tipos celulares típicos:

· Osteócitos: os osteócitos estão localizados em cavidades ou lacunas dentro da matriz óssea. Destas lacunas formam-se canalículos que se dirigem para outras lacunas, tornando assim a difusão de nutrientes possível graças à comunicação entre os osteócitos. Os osteócitos têm um papel fundamental na manutenção da integridade da matriz óssea.

· Osteoblastos: os osteoblastos sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, composta por colágeno tipo I, glicoproteínas e proteoglicanas. Também concentram fosfato de cálcio, participando da mineralização da matriz. Durante a alta atividade sintética, os osteoblastos destacam-se por apresentar muita basofilia. Possuem sistema de comunicação intercelular semelhante ao existente entre os osteócitos. Os osteócitos inclusive originam-se de osteoblastos, quando estes são envolvidos completamente por matriz óssea. Então, sua síntese protéica diminui e o seu citoplasma torna-se menos basófilo.

· Osteoclastos: os osteoclastos participam dos processos de absorção e remodelação do tecido ósseo. São células gigantes e multinucleadas, extensamente ramificadas, derivadas da fusão de monócitos que atravessam os capilares sangüíneos. Nos osteoclastos jovens, o citoplasma apresenta uma leve basofilia que vai progressivamente diminuindo com o amadurecimento da célula, até que o citoplasma finalmente se torna acidófilo. Dilatações dos osteoclastos, através da sua ação enzimática, escavam a matriz óssea, formando depressões conhecidas como lacunas de Howship.

· Matriz óssea: a matriz óssea é composta por uma parte orgânica (já mencionada anteriormente) e uma parte inorgânica cuja composição é dada basicamente por íons fosfato e cálcio formando cristais de hidroxiapatita. A matriz orgânica, quando o osso se apresenta descalcificado, cora-se com os corantes específicos do colágeno (pois ela é composta por 95% de colágeno tipo I).
Existem classificações para o tecido ósseo baseadas no seu aspecto morfológico e anatômico. Portanto, os ossos podem ser classificados em: chatos, longos, curtos, esponjosos e compactos. Também existem os ossos pneumáticos, que conservam grande quantidade de ar no seu interior.
Já a classificação baseada no critério histológico admite apenas duas variantes de tecido ósseo: o tecido ósseo primário e o tecido ósseo secundário, também chamado de tecido ósseo haversiano ou lacunar.

VASOS: ARTÉRIAS E VEIAS

Convencionou-se chamar artéria todo vaso que leva sangue do coração ao resto do organismo; e veia, todo vaso que leva o sangue do resto do corpo ao coração. Artérias de pequeno calibre são chamadas arteríolas e veias de pequeno calibre, vênulas. Ainda menores que arteríolas e veias, existem os capilares, que se relacionam mais intimamente com os tecidos, realizando a troca de gases, nutrientes e metabólitos.
A parede dos vasos é dividida em três camadas:
· Túnica Interna (ou Íntima): encontra-se forrando o vaso internamente, em contato com o sangue circulante. Na parte mais interna da túnica interna, encontramos o revestimento endotelial dos vasos. O restante da túnica é constituído de tecido conjuntivo frouxo e algumas poucas células musculares. Nas artérias, dividindo a túnica interna e a média, existe uma membrana chamada limitante elástica interna. O limite da túnica interna com a luz do vaso, apresenta-se nas lâminas bastante ondulado, devido à contração dos vasos por ocasião da morte do animal.
· Túnica Média: a túnica média é formada basicamente por células musculares lisas, envoltas por colágeno e elastina. Nas artérias existe uma membrana separando a túnica média e a externa (adventícia), a membrana limitante elástica externa.
· Túnica Adventícia: na túnica adventícia há grande quantidade de fibras colágenas e elásticas. Essas fibras penetram no tecido conjuntivo adjacente, tornando o limite externo do vaso não muito definido.

ARTÉRIAS

· Artérias de Grande Caibre: artérias de grande calibre geralmente são artérias elásticas. Elas tem grande importância no controle da pressão arterial, pois não deixam que a pressão abaixe no período de diástole do ventrículo esquerdo. As artérias elásticas se caracterizam por ter uma túnica interna bem desenvolvida, com grande quantidade de fibras elásticas. Na túnica média, é pequeno o número de células musculares lisas e também há bastante substância elástica. A camada adventícia é pouco desenvolvida.
· Artéria de Médio Calibre: geralmente, são artérias musculares, que apresentam túnica média bastente desenvolvida. Também estão presentes fibras elásticas, cuja presença vai aumentado com o calibre da artéria até que seja considerada uma artéria elástica e não mais muscular.
· Arteríolas: possuem mais ou menos a mesma estrutura das artéria de médio calibre, mas geralmente as membranas limitantes elásticas interna e externa estão ausentes. Também a túnica adventícia é pouco desenvolvida.

VEIAS

· Veias de Grande Calibre: as veias de grande calibre costumam apresentar túnica interna bastante desenvolvida, de onde costumam sair as válvulas, responsáveis pelo direcionamento do sangue ao coração. A túnica média é muito pouco desenvolvida, apresentando pouco tecido muscular. Já a adventícia é muito desenvolvida. Nela, costumam aparecer os vasa vasorum, pequenos vasos que levam nutrientes à túnica adventícia e à parte mais externa da túnica média. Os vasa vaosrum também ocorrem nas artérias, mas em menor quantidade, devido ao melhor potencial nutricional do sangue arterial que por elas circula. Além disso, nas artérias, os vasa vasorum têm abrangência restrita à adventícia. As outras túnicas recebem nutrientes por difusão.
· Veias de Médio Calibre: as veias de médio calibre caracterizam-se por uma túnica adventícia mais desenvolvida que as demais camadas.
· Vênulas: nas vênulas, a túnica íntima é formada apenas pelo endotélio. A túnica média pode ser inexistente ou muito pouco desenvolvida. A camada adventícia é a mais desenvolvida e participa na troca de gases e metabólitos entre o sangue e os tecidos.

CAPILARES

Os capilares são vasos extremamente finos que participam ativamente nas trocas de gases e diversas outras substâncias entre o sangue e os tecidos. Diferentemente das artéria e das veias, não são formados de três túnicas, mas apenas de uma única camada endotelial cuja parede tem apenas duas ou três células. Observam-se três tipos de capilares:
· Capilares Contínuos: quando a parede endotelial do capilar é contínua.

· Capilares Fenestrados: quando as paredes das células do endotélio não estão sempre unidas, aparecendo espaços vazios, responsáveis pela grande comunicação entre o sangue e os tecidos, nesse tipo de endotélio.

· Sinusóides: encontram-se no fígado (ao longo dos cordões de hepatócitos), no tecido hemopoético e no endométrio (próximo ao local de implantação do embrião). Caracterizam-se por seguir um percurso sinuoso, com um calibre um pouco maior que o dos outros capilares. Também sua parede não é contínua, contendo grande quantidade de poros.

O TECIDO MUSCULAR

Existem três tipos de tecido muscular: o tecido muscular estriado esquelético, o tecido muscular estriado cardíaco e o tecido muscular liso. Todos eles são bastante acidófilos, corando-se de vermelho com a técnica HE.
O tecido muscular estriado esquelético é constituído de fibrocélulas estriadas. Tais células caracterizam-se por serem bastante compridas e polinucleadas, com núcleos localizados sob o sarcolema (membrana plasmática de fibrocélulas musculares). Geralmente, estão cercadas de tecido conjuntivo, que une as fibras umas às outras e transmitem a força produzida pelos músculos aos ossos, ligamentos e outros órgãos executores de movimento. Em lâminas histológicas, os feixes de fibrocélulas podem aparecer cortados transverslamente ou longitudinalmente.

O tecido muscular estriado cardíaco, assim como o esquelético, apresenta fibrocélulas bastante compridas. Entretanto, elas são mono ou binucleadas, com núcleos localizados mais para o centro da célula. Também possuem discos intercalares, que são linhas de junção entre uma célula e outra, que aparecem mais coradas que as estrias tranversais. No tecido cardíaco, têm bastante importância as fibras de Purkinje, células respnsáveis pela distribuição do impulso elétrico que gera a contração muscular às as diversas fibrocélulas cardíacas.

O tecido muscular liso está presente nos vasos sangüíneos e nos órgãos viscerais, atuando no controle autônomo do organismo. A contração das fibrocélulas lisas é bem mais lenta que a das fibrocélulas estriadas. As fibrocélulas lisas podem sofrer hiperplasia, ou seja, elas ainda conservam o poder de reprodução, ao contrário das fibocélulas estriadas, que só podem sofrer hipertrofia. As células do músculo liso apresentam-se fusiformes e são mononucleadas.


Atlas Eletrônico de Histologia
Bibliografia

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