ECOLOGIA

Conceitos iniciais
    
    Ambiente: Imagine uma colméia. Para se alimentar, as abelhas dependem do pólen e do néctar que encontram nas flores de plantas diversas, com os quais produzem mel e geléia real. Mas para a sua sobrevivência, as abelhas não dependem apenas do alimento que as plantas fornecem. Dependem também de fatores físicos (luz, calor) e de fatores químicos (água, gás oxigênio) existentes no ambiente em vivem.
    
    Assim como as abelhas, nenhuma espécie de ser vivo sobrevive isoladamente na natureza. Toda espécie de ser vivo mantém estreito relacionamento com os fatores físico-químicos do ambiente e com outras espécies com as quais convive.

Um ambiente é o conjunto formado por todos os seres que nele vivem mais os fatores físico-químicos (luz, água, solo, ar, etc) ali existentes.

Ecologia: O estudo do ambiente onde os seres vivem e se relacionam é feito por ecólogos, ou seja, estudiosos da ecologia.

O termo "ecko" vem do grego que significa "casa", ou seja, ecologia é a ciência que estuda a casa e a relação que os seres vivos tem com essa casa, o meio ambiente, e com os fatores físico-químicos.

Hábitat: O hábitat é uma espécie de endereço de um ser vivo, por exemplo, a água é o lugar onde o peixe vive, então a água é o hábitat do peixe, a floresta é o local onde a onça vive, então a floresta é o hábitat da onça.

O lugar (endereço) onde um ser vive é chamado de hábitat.

Organismo, população e comunidade: Na natureza, o meio biótico (conjunto formado pelos seres vivos em um ambiente) é formado pelo conjunto de vários organismos, que por sua vez, formam as populações e comunidades.

Cada ser vivo, tomado isoladamente, é um organismo (ou indivíduo).

População: conjunto de organismos de uma mesma espécie que convivem em determinada região.

Comunidade: é um conjunto formado de populações que vivem em determinada área e que se relacionam entre si.

Relações entre os seres vivos

Porque os seres vivos se associam?
Há inúmeros tipos de associações entre os seres vivos das mais diferentes espécies: vegetais com vegetais, animais com animais, e até mesmo vegetais com animais.
Algumas dessas associações são de competição, especialmente para a obtenção de alimentos, e outras são de cooperação, onde todas as espécies envolvidas se beneficiam.
Em um campo de pastagem, por exemplo, se encontram vários tipos de relações entre os seres vivos, no próprio campo de pastagem, na vegetação desse campo, em buracos, onde circulam ativamente, ou se escondem animais e insetos.

As abelhas - sociedades:
    
    Uma colméia vive em grupo de animais da mesma espécie que desempenham diferentes funções. A rainha, uma grande fêmea fértil, está encarregada apenas da reprodução, fazendo a postura de milhares de ovos. As operárias, fêmeas que não se reproduzem (estéreis), fazem todos os trabalhos, desde coleta do pólen das flores até cuidar das larvas e limpar a colméia. Os machos (zangões) são indivíduos apenas reprodutores e não sobrevivem após o cruzamento com a rainha.

Boi e anu - protocooperação:
    
    O anu é um pássaro que come carrapatos que infestam a pele dos bois, búfalos e outros ruminantes. No caso as duas espécies, boi e anu, são beneficiadas e podem sobreviver uma sem a outra. Quando isso acontece fala-se em protocooperação, como também é o caso das abelhas e das flores.

Boi e bactérias do estômago - mutualismo:
    
    Grandes quantidades de bactérias que vivem no rúmen do boi, produzem enzimas que degradam a celulose do capim que ele come. As bactérias também produzem várias vitaminas que o boi pode aproveitar. Nesse ambiente as bactérias estão protegidas e proliferam bem.
Essa associação, onde as duas espécies se beneficiam e não sobrevivem se forem separadas, é chamada de mutualismo. É o mesmo caso dos liquens.

Liquens, uma associação de sucesso:
    
    Os liquens são um belo exemplo de associação entre duas espécies diferentes. Todos eles são formados por uma espécie de alga microscópica e uma espécie de fungo, que ficam estreitamente ligados.
Um líquen é uma associação tão íntima que as algas e os fungos são interdepentes quanto às substâncias alimentares, e uma espécie não vive sem a outra. Essas associações obrigatórias, nas quais as duas espécies são beneficiadas e não podem viver separadamente, como o caso dos liquens, são chamadas simbioses. Essa palavra significa exatamente essa união de vidas.

Carnívoros grandes e pequenos - comensalismo:
    
    Os restos das carcaças deixados por predadores, como corujas e gaviões, podem servir de alimento para animais menores, como insetos e vermes, que são assim beneficiados e não prejudicam os animais maiores. Apenas uma espécie é favorecida, então se fala em comensalismo.

Árvores e epífitas - inquilinismo:
    
    Plantas que crescem sobre outra, apenas buscando espaço e maiores quantidades de luz, são chamadas epífitas. Elas não sugam a seiva das árvores e, portanto não lhes causam prejuízos. São epífitos as orquídeas, algumas samambaias, as lindas bromélias e os liquens, um deles com longos filamentos, conhecido pelo nome popular de baba-de-velho.

Formigas e pulgões - esclavagismo:
    
    Os pulgões são insetos parasitas que se agrupam nas plantas dos ramos novos de algumas plantas, sugando-lhes a seiva açucarada. As formigas, que os protegem, levam-nos para os formigueiros, mantendo-os "escravos". Eles alimentam as larvas das formigas com o excesso da seiva que é eliminada com restos não-digeridos.

Corujas, gaviões e cobras - competição e predatismo:
    
    Corujas, gaviões, cobras e outros animais disputam os mesmos tipos de alimento, são predadores, e essa relação é chamada predatismo.

Ecossistemas

Cada ser vivo ocupa seu lugar específico na natureza: A onça, o macaco e a capivara vivem na floresta. O girino, o lambari e outros peixes vivem em lagoas ou rios. O camarão, a lagosta, o marisco e diversos peixes e crustáceos vivem no mar.

A floresta, a lagoa, o rio, o mar e o pasto são lugares diferentes onde vivem espécies de seres também diferentes. Cada espécie tem características próprias que lhes permitem sobreviver num determinado tipo de ambiente, o peixe não pode viver no pasto, nem a vaca na lagoa ou no mar.
Num mesmo hábitat, podem viver vários seres. A floresta, por exemplo.
Esse conjunto de seres vivos constitui uma parte do ambiente chamado meio biótico.
Esse conjunto de fatores físico-químico constitui uma parte do chamado meio abiótico.
Na natureza não existe o meio biótico separado do meio abiótico. O meio biótico depende do meio abiótico e juntos formam um todo chamado ecossistema.
Há ecossistemas relativamente simples: uma poça d'água, um aquário, um jardim ou o copo de uma bromélia.

Ecossistema: é o conjunto formado pelo meio biótico e abiótico que num ambiente trocam energia e matéria.


Biomas

Para identificar grandes conjuntos, o geógrafo se apóia nos conhecimentos de Biologia para delimitar os biomas, que representam uma síntese das relações entre os seres vivos em grandes zonas da superfície da terra. Não basta apenas distinguir uma paisagem de outra é preciso observar bem e classificar diversos tipos para entender suas origens e tentar prover seu comportamento futuro.
Os geógrafos utilizam o método de observar a classificação espacial, para distinguir conjuntos diferenciados na superfície da terra. Na classificação dos biomas poderíamos construir um continente imaginário que se estendesse desde altas altitudes do Hemisfério Norte até o cone sul. Nesse continente imaginário teríamos no extremo norte a Tundra que é um bioma marcado pela presença da vegetação rasteira, segue-se a grande floresta boreal, que predominam os pinheiros que é um vegetal de folhas acicufoliadas. As folhas do pinheiro, de difícil decomposição, são um dos responsáveis pela formação dos solos pedzólicos nesse bioma.
Os ventos e as correntes marinhas frias explicam a presença de desertos e biomas semi-áridos. Os desertos e as estepes semi-áridas são áreas em que as formas de vida estão adaptadas à escassez de água. São capazes de reter água por longos períodos.
No domínio do Cerrado é extremamente abrangente, englobando ecossistemas dos mais variados, sejam eles terrestres, paludosos, lacustre, fluviais, de pequenas ou de grandes altitudes. A ambigüidade no uso destes dois conceitos - Domínio e Bioma do Cerrado - devem ser sempre evitadas: com esta razão usaremos Domínio do Cerrado quando for o caso, e o Bioma do Cerrado é simplesmente cerrado quando quisermos nos referir especificamente a este ecossistema, de grande dimensão com características ecológicas bem mais uniformes e marcantes.
Nas solos do Bioma do Cerrado eles são geralmente profundos, azonados, de cor vermelha ou vermelha amarelada, porosos permeáveis, bem drenados e por isso intensamente lixiviador. Eles são predominantemente arenosos, areno-argilosos, argilosos-arenosos ou eventualmente argilosos. Em parte do Cerrado o solo pode apresentar concreções ferruginosas formando couraças, carapaças ou bancadas características que dificultam a penetração da água da chuva ou das raízes, podem também impedir ou dificultar o desenvolvimento de uma vegetação mais exuberante e a própria agricultura. Os solos do bioma permitem-nos considerá-los como um pedobioma, do zonobioma.
Já a vegetação do Bioma do Cerrado é considerada aqui em seu sentido amplo, não possuindo uma fisionomia uniforme em toda a sua extensão. Esse Bioma distribui-se em áreas de clima tropical sazonal, com fatores que limitam o desenvolvimento da vegetação.
A flora do Cerrado já é riquíssima. Em termo de riqueza a flora deve ser superada apenas pelas florestas atlânticas. Por ela ser riquíssima existem unidades de conservação criadas e mantidas nas mais diversas regiões do Domínio do Cerrado, a fim de garantir a preservação do maior número de espécie da flora deste Bioma bem como a fauna a ela associada. Já a fauna é pouco conhecida, particularmente a dos invertebrados, mas seguramente ela também é muito rica, destacando-se naturalmente o grupo dos insetos.
Agora são poucas as nossas unidades de conservação, onde o Cerrado é o bioma dominante. A grande maioria das atuais unidades de conservação seja elas federais, estaduais ou municipais acha-se hoje em uma situação de completo abandono com sérios problemas fundiários, na demarcação de terras, construção de cercas, acessos por estrada de rodagem, de comunicação, de gerenciamento, de realização de benfeitorias, de pessoal em número e qualificação suficientes, entre outros.
Então os biomas são grandes conjuntos de classificação da paisagem que procuram sintetizar os mecanismos fundamentais de sua formação. Enquanto classificação eles são produtos do conhecimento e, portanto, constituem uma abstração dos geógrafos e biólogos para compreender os mecanismos básicos dos sistemas de vida existentes no planeta.
Hoje em dia os órgãos internacionais estão adotando os biomas como unidades de gestão ambiental. Destinadas à avaliação e ao planejamento dos seus recursos ecológicos em escala planetária.

Equilíbrio ambiental / Poluição
Solo e água são decisivos para o equilíbrio ambiental

    O risco de escassez de água e a degradação contínua provocada no solo por práticas agrícolas inadequadas, acabam por assorear os arroios e rios, ampliando os problemas relacionados à água. Existe uma pressão, em parte causada pela pobreza, que destrói o solo e o ambiente pelo desmatamento, revolvimento do solo, remoção da matéria orgânica, irrigação mal feita, pastejo excessivo e uso do fogo. "Se o solo está ruim, a planta está doente e o homem que se alimenta dessa planta não pode ter boa saúde. Ecologia, pobreza e saúde dependem um do outro. Não podemos separar as coisas", ensinou a pesquisadora.
    
    Para o professor da Universidade de Buenos Aires, Walter Alberto Pengue, a biodiversidade é um fator determinante para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável, destacando a conscientização dos agricultores como um fator preponderante nesse processo.
    
    O professor da Universidade de La Laguna, na Espanha, Federico Aguilera Klink, relatou que os usos agrícolas, industriais e urbanos promovem a escassez de água. Conforme o professor, nas cidades da Espanha se perde até 60% da água, e na agricultura, entre 40% e 60%.
    
    Lovois de Andrade Miguel, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), relatou novos métodos de intervenção em pesquisas, como a abordagem sistêmica do tema, buscando o conhecimento do sistema como um todo, a participação e interação do agricultor, a interdisciplinaridade e a sustentabilidade, não só econômica, mas também social e ambiental. O diretor técnico da Emater/RS e doutor em Agroecologia, Francisco Caporal, apresentou aos participantes do evento a definição de extensão rural agroecológica, comparando-a à extensão rural tradicional. Segundo Caporal, a extensão rural agroecológica é uma busca permanente no sentido da construção de contextos de sustentabilidade, levando sempre em conta suas dimensões ética, social, política, ambiental, cultural e econômica. "Propõe-se um diálogo intercultural que integre a vida cotidiana de técnicos e agricultores, melhorando a atuação da extensão rural agroecológica", disse Caporal.

Poluição

Emissão de resíduos sólidos, líquidos e gasosos em quantidade superior à capacidade de absorção do meio ambiente. Esse desequilíbrio interfere na vida dos animais e vegetais e nos mecanismos de proteção do planeta.

Poluição do ar - A emissão de gases tóxicos por veículos automotores é a maior fonte de poluição atmosférica. Nas cidades, esses veículos são responsáveis por 40% da poluição do ar, porque emitem gases como o monóxido e o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio, o dióxido de enxofre, derivados de hidrocarbonetos e chumbo.
As refinarias de petróleo, indústrias químicas e siderúrgicas, fábricas de papel e cimento emitem enxofre, chumbo e outros metais pesados.

Poluição sonora - pessoas que trabalham ou vivem em locais com muito ruído podem ficar surdas ou com um zumbido constante nos ouvidos.

Contaminação das águas
- A maior parte dos poluentes atmosféricos reage com o vapor de água na atmosfera e volta à superfície sob a forma de chuvas, contaminando, pela absorção do solo, os lençóis subterrâneos.
    
    Nas cidades e regiões agrícolas são lançados diariamente cerca de 10 bilhões de litros de esgoto que poluem rios, lagos, lençóis subterrâneos e áreas de mananciais. Os oceanos recebem boa parte dos poluentes dissolvidos nos rios, além do lixo dos centros industriais e urbanos localizados no litoral. O excesso de material orgânico no mar leva à proliferação descontrolada de microrganismos, que acabam por formar as chamadas "marés vermelhas" - que matam peixes e deixam os frutos do mar impróprios para o consumo do homem. Anualmente 1 milhão de toneladas de óleo se espalham pela superfície dos oceanos, formando uma camada compacta que demora para ser absorvida.

Bibliografia

CIVITA, Roberto
Fundador, Victor Civita (1907-1990)
1996 Almanaque Abril CD-ROM
Abril Multimídia