PSICOPATOLOGIA
Trata-se do estudo organizado e metódico do psiquismo humano,
sob a perspectiva de um transtorno mental. Pathos significa paixão,
passividade, doença. Seu reconhecimento como disciplina é
creditado a Karl Jaspers; hoje abrange várias delas. Na tentativa
de superar os impasses criados pela pluralidade de abordagens, o Manual
de Diagnóstico e Estatística da Associação
Psiquiátrica (DSM-IV) propõe oferecer uma definição
empiro-pragmática das entidades nosográficas, buscando-se
"o ideal de um acordo mínimo com relação à
delimitação formal e operacional das categorias diagnósticas
empregadas". Igualmente presente no CID-10 (Classificação
Internacional de Doenças) está a busca de uma nomenclatura
única que forneça uma linguagem comum a pesquisadores
e clínicos de diferentes orientações teóricas,
o que significa centrar-se mais na nosografia que na etiologia, embora
o olhar de quem olhe não seja imune à sua própria
organização subjetiva.
O desenvolvimento das neurociências e dos psicofármacos
reforça a idéia da origem biológica dos transtornos
psíquicos. Pierre Fedida propôs o termo psicopatologia
fundamental, que reconhece e dialoga com outras leituras presentes na
polis psicopatológica, sendo um projeto de natureza intercientífica
e transdisciplinar. Enquanto a Psicopatologia Geral propõe um
discurso classificatório sobre as doenças mentais, a Fundamental
busca, através do pathos, o conhecimento do psiquismo, considerando-o
prolongamento do sistema imunológico, concepção
ligada a síntese de Freud: Neurose de transferência. Enfocando
a História da Humanidade e o ser humano, de forma similar à
encontrada na Biologia, ele defende que a "ontogenia recapitula
a filogenia".
Na perspectiva freudiana as neuroses passam a ser compreendidas como
criações que garantiriam a sobrevivência da espécie
humana. Uma psicologia própria para cada sujeito pode lhe permitir
transformar em experiência as manifestações de seu
pathos. É outra maneira de tratar a questão da cidadania,
enfatizando um projeto de Invenção Social. Como a particularidade
genética, o portador de um sofrimento psíquico possui
um saber sobre o seu pathos.
A dificuldade de conceituar pode ser resultado da influência da
indústria farmacêutica e de certa cultura da doença
que tem restringido o interesse e os investimentos de pesquisa a um
tratamento teórico e empírico da questão da saúde
como mera ausência de doença. Mais que dar ênfase
à dimensão curativa da doença, há que se
promover a saúde pela mudança das condições
de vida e de trabalho da população. O conceito de promoção
de saúde surgiu na década de 1940, com Sigerist (Mendes,
1996, citado por Cristina).
Émile Durkheim, um dos fundadores da questão da normalidade,
afirmou que o objetivo principal de qualquer ciência da vida é
a definição e a explicação do estado normal
e a sua diferenciação do estado patológico. A enfermidade
pode desviar o indivíduo do seu funcionamento biossocial normal,
mas o doente estaria isento de responsabilidades sociais; entretanto,
possuir uma condição enferma ou ocupar legitimamente a
posição de doente não constituiria em si um comportamento
desviante, da mesma forma que não se esperaria que alguém
cometesse um crime ou pecado.
Na década de 1960 foi sistematizada nos EUA a teoria do rótulo
(Goffman, 19, citado por Cristina).
Aluno: João Couto Teixeira
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